• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
Quando tudo falha, os neoliberais viram-se para o Estado
Editorial

Quando tudo falha, os neoliberais viram-se para o Estado

A crise pandémica destapou a verdadeira natureza deste capitalismo parasitário, assente no lucro imediato, na especulação financeira e nos salários de miséria. O deus capital é, afinal, uma ilusão. O “mercado” nem um mês se conseguiu aguentar sem estender a mão mendicante ao Estado. E a banca aproveitou o momento para revelar aquilo que sempre foi: uma organização de rapinantes que vive da ganância e do agiotismo imoral. Se não fosse o Estado (ou seja, todos nós), boa parte das pessoas teria morrido à míngua; e outra parte ceifada pelo covid-19! Ou seja, num mundo de pernas para o ar, as velhas receitas neoliberais faliram completamente.

Já toda a gente deve ter percebido que as promessas de Ulisses sobre transportes falharam redondamente. E, oito anos depois, o governo continua sem rumo, falhado que foi o desmonte das empresas públicas do setor, a venda dos TACV sem receber nada em troca (e, para mais, a ficar com as dívidas), as experiências fracassadas da entrega dos voos entre ilhas a privados, as ligações marítimas... A verdade é que Ulisses não só não resolveu nada em matéria de transportes aéreos e marítimos, como teve o condão de piorar quase tudo!

Instalado o caos nas ligações aéreas entre ilhas, Ulisses segue a cartilha neoliberal: quando tudo falha viram-se para o Estado, criando uma nova empresa pública e, já agora, dando emprego a mais uns amigalhaços do partido (antes do desmontar da tenda…).

A verdade é que, o “mercado” (a pomposa palavra que quer dizer capitalismo) nunca foi solução para resolver o problema das ligações aéreas entre ilhas, tão pouco o é para dar resposta às demandas das ligações marítimas.

Pressionado pela opinião pública, cercado na sua incapacidade em resolver os problemas, Ulisses foi obrigado a fazer aquilo que seria normal ter feito no início: o Estado assumir a responsabilidade de garantir o direito constitucional de ir e vir.

As lições da pandemia

A verdadeira natureza do neoliberalismo foi bastamente exposta aquando da pandemia, com aqueles que defendiam o Estado mínimo a vir bradar pelo Estado máximo.

O que a crise pandémica ensinou é que a “normalidade” que nos impuseram durante décadas é absolutamente anormal, contrária à felicidade das pessoas, ao interesse dos povos e à sobrevivência da raça humana. E revelou, ainda, que o problema é sistémico e que já não se resolve com remendos.

Se estão bem lembrados, na ocasião o “mercado” bloqueou, percebendo-se que a criação de riqueza é obra da força de trabalho assalariada; as empresas bloquearam e choramingaram não ter dinheiro para nada, e a própria banca bloqueou. Isto é, a organização social vigente até à emergência da pandemia bloqueou!

O deus capital é uma ilusão

A crise pandémica destapou a verdadeira natureza deste capitalismo parasitário, assente no lucro imediato, na especulação financeira e nos salários de miséria. O deus capital é, afinal, uma ilusão. O “mercado” nem um mês se conseguiu aguentar sem estender a mão mendicante ao Estado. E a banca aproveitou o momento para revelar aquilo que sempre foi: uma organização de rapinantes que vive da ganância e do agiotismo imoral.

Se não fosse o Estado (ou seja, todos nós), boa parte das pessoas teria morrido à míngua; e outra parte ceifada pelo covid-19! Ou seja, num mundo de pernas para o ar, as velhas receitas neoliberais faliram completamente.

Por qual razão Ulisses não aprendeu a lição?

Num cenário destes, seria suposto que os governos de todo o mundo tivessem aprendido a lição e mudado de paradigma. Por qual razão não o fizeram? E, em particular (porque é isso que nos interessa), por qual razão Ulisses não aprendeu a lição?

Ulisses Correia e Silva, Olavo Correia e a clique que (por enquanto) está no poder, embora eleita pelo voto popular, está lá para defender outros interesses. Por isso, é entreguista, desbarata empresas públicas e entrega-as, essencialmente, ao capital estrangeiro. É essa a sua missão!

E, enquanto não perceberem isto, as cabo-verdianas e os cabo-verdianos vão continuar a depositar o seu voto no próximo ladrão que lhes leva couro e cabelo. Seja Ulisses ou outro neoliberal de plantão.

A direção,

Partilhe esta notícia

Comentar

Inicie sessão ou registe-se para comentar.

Comentários

  • Casimiro Centeio, 10 de Set de 2024

    Então não tínhamos razão sempre tudo quanto afirmamos sobre ULISSES e OLAVO - ambos correias da mesma máquina de 28 pistões ?
    Si povu ka tuma juiz, nu ta more seku, ruso i ragangadu
    O caráter de um lider não está em penca de promessas, mas em algarismos de realização.
    Fica a dica !