O ambiente está a ficar azedo. A hostilidade é evidente. E o mal-estar entre as partes envolvidas – associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVTCV) e CV Inter-ilhas – tem estado a aumentar todos os dias. Sobre a mesa está a proposta de comissão que AAVTCV fixa em 7%, caso não haja condições para o seu aumento, em contraposição à proposta da CV Inter-ilhas fixada em 3 e 4%.
O silêncio e o comunicado de imprensa da empresa CV Inter-ilhas, divulgado semana passada nos órgãos de comunicação, segundo o qual a operadora acaba de criar 8 agências para venda de bilhetes, estão a exponenciar ainda mais o mal-estar que se instalou entre essa empresa e as agências de viagens e turismo que operam em Cabo Verde.
Segundo Mário Sanches, presidente da AAVTCV, no dia 7 de agosto, a associação que preside remeteu uma carta ao presidente da CV Inter-ilhas, manifestando a sua total abertura em trabalhar com essa empresa, no quadro de uma visão mais alargada para promover e alavancar o turismo interno. Na mesma missiva, Sanches sugere a realização de um encontro de trabalho entre as partes, tendo avançado a proposta de se manter a comissão de 7%, caso não haja condições para o seu aumento.
“Algumas agências de viagens associadas da AAVTCV, foram contactadas pela Cabo Verde Inter-Ilhas e foram colocadas propostas de 3 e 4% de comissão, pelo que, servimos desta via para, atendendo a relação de parceria e cumplicidade que deve existir entre as agências de viagens e fornecedores de serviço desta natureza, solicitar uma melhor e mais aprofundada análise da vossa parte, no sentido de aumentar ou manter a comissão nos 7% para todas as agências de viagens”, lê-se na carta que Santiago Magazine teve acesso.
No parágrafo seguinte, a AAVTCV argumenta o seguinte: “…se com 7% já era difícil a sustentabilidade dos nossos negócios imagine agora com 3 ou 4%”, acrescentando entender “ainda ser pertinente a introdução de fatores ou mecanismos adicionais de motivação para as agências que consigam ultrapassar determinado volume de vendas: Mecanismos esses que podem traduzir-se em oferta de bilhetes ou outros que venham a ser acordados entre as partes, na certeza de que uma parceria assente na confiança e diálogo profícuo será, não só benéfico para ambas as nossas instituições, como será um imperativo, tendo em conta a complementaridade de serviços entre a vossa empresa e a AAVTCV.
Sem resposta, no dia 29 de agosto, a AAVTCV volta a escrever ao presidente da CV Inter-ilhas, dando conta da sua estranheza respeitante ao silêncio daquela em relação às propostas da sua missiva anterior, realçando a sua total disponibilidade em sentar-se à mesa para negociar uma parceria de trabalho que seja benéfica e financeiramente operacional para ambas as partes envolvidas.
“A Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde enviou uma comunicação à Cabo Verde Inter-Ilhas no dia 7 de agosto de 2019. Assim viemos, por esta via, manifestar a nossa estranheza por, até esta data, ainda não termos recebido uma resposta objetiva à nossa primeira missiva, tendo em conta o conteúdo da mesma”, regista a referida carta.
Ainda nesta mesma oportunidade a AAVTCV afirma o seguinte: “estamos em crer que se tratará de alguma desatenção ou que quanto mais esta não terá, por algum motivo que nos escapa, lhe chegado em mãos, pois acreditamos que, assim como a AAVTCV, a vossa gestão terá plena consciência da importância estratégica e, diríamos até, obrigação de uma parceria entre as nossas duas instituições. Caso contrário, o descaso propositado perante a manifestação desta nossa grande vontade numa parceria profícua entre as nossas instituições, ademais para uma empresa como a vossa que tem a responsabilidade e premissa a ligação entre as ilhas seria muito má e desprestigiante para a empresa que dirige e, certamente, tal não favoreceria a nenhuma das partes”.
Passado este período, e face ao silêncio da CV Inter-ilhas, tudo indica que a relação entre estas duas entidades – AAVTCV e CV Inter-ilhas – poderá hostilizar-se ainda mais. Sobretudo agora que a CV Inter-ilhas acabou d anunciar ter já criado 8 agências para se ocuparam desta parte do negócio, que é a venda dos bilhetes.
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