A Associação dos Armadores de Pesca (APESC) quer reavaliar o preço do gasóleo com o Governo e a reguladora porque diz que os armadores enfrentam dificuldades para comprar o combustível, que “está cada vez mais caro”.
Esta informação foi avançada à Inforpress pelo presidente da APESC, João de Deus, que disse que este assunto foi discutido na assembleia-geral da associação, realizada dois anos depois devido à pandemia da covid-19, e que se reuniu na sexta-feira para aprovar o orçamento e plano de actividades para o ano de 2022, apresentar as contas de gerência e o relatório de actividades dos últimos dois anos.
Segundo a mesma fonte, com o preço do combustível a subir a cada mês, neste momento os armadores compram mil litros de gasóleo para marinha mercante por 89 mil escudos no Complexo de Pesca de São Vicente.
“Nós consumimos gasóleo para a marinha mercante, mas queremos sentar com agência reguladora e o Governo para ver se conseguem criar uma lufada de ar fresco por causa da situação actual dos armadores a nível de compra de combustível”, adiantou João de Deus, para quem a guerra da Rússia com a Ucrânia pode agudizar o problema e os armadores “não vão conseguir” colocar os navios a pescar.
“Não podemos continuar a ter um preço de combustível igual à marinha mercante, deveríamos ter um preço do gasóleo específico para o sector das pescas porque um navio de marinha mercante, ao carregar já tem a sua facturação do custo da viagem que irá fazer”, considerou o responsável, adiantando que os navios de pesca nem sempre encontram peixe e ficam com défice operacional da actividade.
João de Deus disse que a APESC também pretende “pressionar o Governo” para abrir o complexo de pesca do Sal e fazer uma reavaliação de toda a situação de taxas que são aplicadas no complexo de pesca de São Vicente, e também resolver o preço do gelo ali comercializado.
“São Vicente tem um preço de gelo mais caro do País e estamos a tentar pôr o Governo a fazer um investimento no Complexo de Pesca apostando nas energias renováveis com instalação de painéis solares”, revelou a mesma fonte, indicando que “se noutras ilhas uma tonelada de gelo custa em torno de 12 a 13 mil escudos em São Vicente é 20 mil escudos”.
Segundo o presidente da APESC, a reavaliação das taxas aplicadas no Complexo de Pesca de São Vicente “é importante”, porque um armador nacional de pesca paga quatro escudos por quilo de peixe descarregados no complexo.
Um preço que considera “exorbitante”, na medida em que “um armador estrangeiro paga centavos para descarregar peixe no Porto Grande”.
“E isso é um problema que temos há vários anos e que ninguém consegue resolver. Estamos a chamar a atenção do ministro do Mar a para sentarmos e fazer uma reavaliação de todo o sistema de taxas do Complexo de Pesca, como taxas de descarga, taxas para operadores económicos de São Vicente para fazerem conservação em túneis de congelação do complexo”, exemplificou.
Na visão de João de Deus, a conserveira Frescomar “sozinha não pode suportar todo o custo de exploração” do Complexo de Pesca porque é uma empresa privada e tem que prestar conta aos seus sócios.
Por isso, continuou, “cabe agora ao Estado de Cabo Verde e ao Governo entrar numa parceria para dar algum apoio à Frescomar na gestão do Complexo de Pesca de São Vicente”.
Conforme João de Deus, todos esses assuntos e preocupações discutidos na assembleia-geral serão enviados ao ministro do Mar, Abraão Vicente.
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