Os comerciantes em São Vicente, sobretudo donos de supermercados e mercearias da cidade do Mindelo, queixam-se que a falta de moedas tem causado dificuldades nos seus negócios, principalmente na hora de dar o troco aos clientes.
À Inforpress, Ivone Santos, responsável de um supermercado no centro da cidade disse que há muito que o comerciante tem sentido dificuldades em dar o troco aos clientes por falta de moedas disponíveis.
“A situação é geral, não há moedas suficientes. Começamos a sentir esta crise de moedas desde o mês de junho, mas a situação agravou-se ainda mais nos últimos dias. Sempre a escassez de moedas era sentida no fim-de-ano e às vezes no Verão, mas agora muito antes do Verão não se consegue encontrar moedas suficientes”, relatou a responsável.
A mesma fonte disse que já fez “várias requisições aos bancos em São Vicente e dizem que há indisponibilidade de moedas”, mas não vemos isso. Como alternativa, acrescentou, “recorreu a amigos comerciantes na ilha de Santo Antão para não ter que fechar as portas”.
Em Monte Sossego, Ana Paula, também chefe de um estabelecimento comercial, afirmou que mesmo nessa zona, considerada a mais populosa de São Vicente, a falta de circulação de moedas tem atrapalhado o comércio.
“Sem conseguir nos bancos comerciais, percorremos pontos estratégicos, como padarias e empresas de transporte público de passageiros à procura de moedas para não deixar os clientes sem troco, mas nem sempre conseguimos”, adiantou Ana Paula, que acredita que esta crise se deve “à demora do Banco de Cabo Verde em repor o stock de moedas no mercado”.
Na zona de Chã de Marinha, a comerciante Lavínia Sousa diz enfrentar o mesmo problema.
“As que mais sinto falta são as moedas de 10 e de 20 escudos. Se conseguir arranjar três mil escudos em moedas, às vezes dão para trabalhar apenas por um dia. Muitas vezes recorro aos autocarros, mas os condutores dizem que não há”, explicou.
Por isso, a mesma diz “suspeitar que as moedas estejam a ser retidas por comerciantes chineses, porque se aproxima da quadra festiva em que as compras aumentam e necessitam de troco para dar aos clientes”.
“Começou a chegar o tempo em que as lojas chinesas juntam as moedas para guardar para o fim-de-ano, principalmente os proprietários que têm mais do que uma loja”, revelou em tom de crítica.
Entretanto, contactado pela Inforpress, o Banco de Cabo Verde disse que “dispõe de stock de moedas suficientes para abastecer as necessidades dos agentes económicos, em todas as denominações, incluindo as referidas “moedas para dar troco”.
O banco central disse que “a colocação em circulação é feita através do sistema financeiro, de acordo com as solicitações e necessidades do mercado”, realçando que “não dispõe de informações relativas à alegada retenção de moedas por comerciantes chineses”.
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