Os empresários do Barlavento veem com expetativa o regresso das ligações internacionais da Cabo Verde Airlines (CVA) a São Vicente, com um voo semanal para Paris, apontando o impacto, não só em passageiros, como no transporte de cargas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Comércio do Barlavento, Jorge Maurício, disse que a retoma para São Vicente dos voos internacionais da CVA, já a partir de julho, poderá satisfazer a população, que reclamava “com alguma razão” do preço dos bilhetes praticados até agora para as ligações internacionais – asseguradas apenas por companhias aéreas portuguesas -, em relação aos preços praticados nas ilhas do Sal e de Santiago.
A expetativa daquele responsável é que a retoma das ligações aéreas facilite as atividades comerciais para São Vicente e para as ilhas habitadas do Barlavento (ainda Santo Antão, São Nicolau, Sal e Boa Vista) “para quem faz a importação de produtos via aérea e a exportação”.
“E se for numa lógica de regular os preços através de alguma competitividade, achamos que assim faz sentido e operará boas consequências para todos”, disse Jorge Maurício.
Desta forma, afirma que é com “muito agrado” que os empresários locais encaram a medida, desde logo por representar mais um sinal de retoma da atividade económica.
“É a reabertura dos mercados, é a retoma das atividades económicas e isto de facto é um sinal muito positivo para todo mercado, depois de 15 meses de pandemia e de uma crise económica severa. É um sinal de recuperação, de confiança, que o mercado já pode começar a funcionar bem, porque sem voos, sem ligação, sem turismo, que é o nosso setor chave da economia, dificilmente conseguiremos ter uma retoma efetiva”, sublinhou Jorge Maurício.
Para o presidente da Câmara de Comércio do Barlavento, com “mais voos, mais alternativas e mais concorrência”, isso “também facilita o mercado, não apenas no transporte de pessoas, mas também da própria carga aérea”.
A Lusa noticiou em 09 de junho que a CVA retoma a partir de julho os voos internacionais da ilha cabo-verdiana de São Vicente, com uma ligação semanal a Paris, uma reivindicação de há vários anos.
Contudo, para já, a ilha de São Vicente ainda não retoma os voos para Lisboa, que são feitos apenas da Praia e escala no Sal, como reclamam os empresários locais.
Segundo informação da companhia, liderada desde 2019 por investidores islandeses, que concentraram os voos internacionais no ‘hub’ da ilha do Sal, a CVA retoma em 18 de junho os voos comerciais, 15 meses depois da suspensão da atividade devido às restrições da pandemia de covid-19, com um voo para Lisboa.
Após esse voo inaugural, a partir do Sal, e de acordo com informação da companhia consultada hoje pela Lusa, no alargamento do plano de voos, a CVA já disponibiliza bilhetes para o voo de 03 de julho entre São Vicente e Paris (aeroporto Charles de Gaulle) e regresso no dia seguinte.
Fonte da companhia aérea explicou à Lusa que se trata de um voo semanal (partida ao sábado com regresso ao domingo) com escala no aeroporto internacional do Sal, de onde parte e onde termina.
O mesmo regime de escala será aplicado de 28 de junho até 28 de março de 2022 pela CVA, com partidas do aeroporto da Praia, escala no Sal, com destino a Lisboa (sexta e segunda-feira), e semanalmente do Sal, com escala na Praia, com destino a Boston (Estados Unidos da América).
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
A CVA concentrou a atividade nos voos internacionais a partir do ‘hub’ do Sal, deixando os voos domésticos.
A ilha de São Vicente, a segunda mais populosa do arquipélago, passou a ser servida por voos comerciais internacionais apenas por companhias portuguesas, deixando de ter a ligação a Lisboa pela CVA, apesar da convicção demonstrada em julho de 2019 pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, na reversão da decisão, também face à contestação local.
“É só uma questão de deixar aquele doente [Cabo Verde Airlines] sair do coma, recuperar bem para ganhar força, como está a acontecer atualmente, é preciso tempo e convicção”, afirmou Ulisses Correia e Silva, de visita ao Mindelo, ilha de São Vicente.
A Cabo Verde Airlines anunciou em 31 de maio, em comunicado, a retoma dos voos internacionais em 18 de junho, 15 meses após a suspensão da atividade, devido às restrições da pandemia de covid-19, arrancando inicialmente com uma ligação entre a ilha do Sal e Lisboa, num retorno que "será gradual e far-se-á com dois aviões".
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