A Cabo Verde Airlines desmente o governo e afirma que os 12 milhões de dólares de empréstimo autorizado pelo Estado esta segunda-feira, 27, "não representam um novo fundo para a empresa". Erlandur Svavarsson, presidente do Conselho de Administração da companhia, chega mesmo a avisar, num post pessoal, que os Boeings da CVA que se encontram, supostamente, em manutenção em Miami, deverão permanecer nos Estados Unidos até que "seja feito com sucesso" o financiamento que permitirá à companhia cabo-verdiana voltar a operar normalmente.
Numa curta publicação feita esta quarta-feira , 29, pelo próprio PCA da Cabo Verde Airlines na sua página no facebook, o gestor islandês até se mostra confiante no regresso da normalidade da aviação comercial no arquipélago, mas começa logo por avisar que não pretende colocar os três Boeings em Cabo Verde se não houver nova injecção financeira que garanta o funcionamento da CVA, como o Governo fez crer com a aprovação e anúncio de um empréstimo de 12 milhões de dólares junto do International Investment Bank (IIB) para "garantir a sustentabilidade" da operadora.
"Os aviões vão permanecer em Miami até que a CVA seja financiada com sucesso e estiver pronta para voar de novo", anuncia Erlandur Svavarsson, cujo post acontece depois de o governo ter aprovado, há dois dias, uma resolução através da qual autoriza um aval ao estado para contrair um empréstimo de 12 milhões de dólares a favor da CVA.
O montante é justificado pelo Executivo como sendo "necessária" para "dar suporte que vise melhorar a situação económico-financeira da empresa, evitar seu estrangulamento e garantir a sua sustentabilidade", lê-se no BO nº87, 1ª Série, de 27 de Julho, deixando claro que se trata de um novo investimento na CVA. Mas a estória parece ser outra. E bem diferente.
Ora bem, também esta quarta-feira, 29, o administrador cabo-verdiano da CVA, Armindo Sousa, escreveu uma carta aos trabalhadores, na qual veio explicar e clarificar que o aval para os tais 12 milhões de dólares concedidos pelo Estado a favor da companhia "não representa um novo fundo para a companhia e nem é parte das discussões em curso para futuros financiamentos entre os accionistas. Esta garantia do Estado é apenas uma formalidade final entre o Estado e o IIB, requeridos a partir de contribuções prévias do accionista (Icelandair) para a companhia".
Ou seja, significa que os 12 milhões de dólares garantidos agora pelo Estado seriam para saldar eventuais dívidas de investimentos já feitos pelos islandeses, de modo que o valor do empréstimo a ser contraído junto do IIB deverá cair nos cofres da Icelandair e não na CVA.
"Por essa razão", continua Armindo Sousa, "essa garantia do Estado não terá, de momento, qualquer efeito nos fundos da companhia", "É expectativa e esperança da administração que outras acções serão levadas a cabo imediatamente pelos accionistas da transportadora aérea de modo a incrementar a liquidez corrente da companhia para o benefício dos trabalhadores, credores e outros parceiros".
Enquanto isso, os trabalhadores continuam apreensivos - sobretudo os que foram deslocados para a ilha do Sal, longe das suas famílias - sem saberem sobre o seu futuro. O salário do mès de Maio (75%) só foi pago esta quarta-feira. 29.
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