1. Nhelas Spencer, o compositor, galardoado com Menção Honrosa no quadro do Cabo Verde Music Awards 2018. Ele é sinónimo de figura eclética e maior da música Cabo-verdiana. Trovador da morna e da coladeira de estrofes luminosos como névoa que sobe, que sobe a temperatura no horizonte para depois chover: sem vento nem bandeira da lua; sem antes nem depois; com fantasias do eternamente agora; agora (!) de palavras rimadas, palpadas, salivadas e degustadas nas vivências cadenciadas para as relembranças. (Nem se o diabo afinal chegou e foi-se embora!) Cabo Verde não perdoar-me-á se ficar indiferente. Não dá para sofrer no silêncio por favor (!) A nossa casa tem olhos como as janelas nas fronteiras que nos olham para dentro de nós com almas no misterioso mundo das escadas que têm alicerces como fortalezas que não escondem-se na felicidade de quem voa, quem voa … e de quem viaja para fora de nós sem medo. (Nem se o diabo afinal chegou e foi-se embora!)
2. Spencer, o trovador, que é Pavão (Pavo Cristatus) por ser muito sociável e afeiçoa-se ao seu tratador por gostar da sua liberdade, e, de se sentir solto na demarcação do seu espaço intimo para cortejar e empinar a sua plumagem com a fértil imaginação satírica e divertida ou na coladeira “Fitcha um Oie” ou na letra da morna “Nha Terra Scalabrode”. Não preciso de transcrevê-las porque há sempre o caminho de casa e sempre voltamos de noite ou na madrugada para se encontrar com elas. Nas suas letras não há um grau de insônia mas há sobretudo a ruminação do sentido histórico no qual o vivente nunca chega a sofrer danos. (Não dá para sofrer no silêncio por favor!)
3. Letras do Nhelas é de um homem histórico em toda a sua plenitude. Nas palavras nietzschianas “o intelecto serve sempre à vida, não conduzindo para além desta. Assim sendo não há como pensar o conhecimento desvinculado da vida que ele serve”. Filosofando Torrão di Meu! É simbólico e da expressão emotiva de como “o intelecto serve à vida”, assim rimada: Torrão di meu \Dia qui tchuba bejabu \ Sorrisu na rosto\ Ta lumia más tcheu\Mininos ta perde \.... Ou embalando na letra “Morna” como fortalezas que não escondem-se na felicidade de quem voa, quem voa … e de quem viaja para fora de nós sem medo, sobriamente interpretada por Ildo Lobo, o ícone, das nossas vozes: Morna \ Nhas raízes ta fincode \ Na bo seiva \ ‘M cria dboxe di ternura dbos verse \ ‘M dormi embalode \ ‘Na bo medolia. Tenho tamanha razão para ficar-me sem remorsos e dizer ao Santíssimo: Adeus perfeição ou adeus imperfeição. (Não dá para sofrer no silêncio por favor!)
4. Nhelas Spencer (!) Para quê guardar o silêncio quando o pulsar e a alma é crioula mesmo no sono cego dormem as coisas da vida a preto e branco e na ilha de Santiago já há sempre sonhos e letras a cores. Quantas e tantas vozes e convivências coabitam fora de nós? E se é a nação quem está lá fora. Vamos lá com o ritmo Kotxipó balançado e borrifado na terra “burbur” e di kankan di Porto Madera e Salina na perene terra de Santa Cruz para abraçar e surpreender a Nação e dizer “o intelecto serve à vida! ” quando a amizade é extensão da “Paródia Na Ca Nhânhâ”.
5. Ó trovador Pavão e Homem histórico da lírica cabo-verdiana que compõe como o aulo a Dionísio e a citara a Apolo igual à magia e à mitologia Grega (!) Cabo Verde é uma Bíblia musicada. Um simples e inocente clik levou-me a pensar na musa Lady Gaga na Met Gala 2019 que levou quatro “looks” vestidos e diferentes entre o preto e o rosa a provocar os olhos dos pavões (Pavo Cristatus) no écran do mundo a partir de Nova Iorque que terminou a sua performance quase descascada em lingerie preta provocante. Ó pavão (!) trovador sociável que gosta da sua liberdade e de se sentir solto na demarcação do seu espaço intimo; convidai à Lady Gaga para interpretar ao ritmo de Kotxipó “Paródia Na Ca Nhânhâ” com as emocionadas e empolgantes estrofes escritas assim:
Paródia Na Ca Nhânhâ
I
Nu St abai Nhânhâ Nhacu Petu
Piriquito Ba Ca Bem
Ca Sta Bai
‘Ita Ratxal Uma N’Obidu
Ta Dispididu o Ki Ta Bado
II
Djack Cabalo Ta Corri Tchada
Ta Spadja Dolar Sima Padja
Membras Ta cata Unhi Cadera
Cau Mau! Cau Mau!
III
Más Pa Frente
Lelá viúvo à Deriva
Corredor, Di Mon, Ta Fra Ma
Sabi, Sabi Ca tâ Duê
Txupador lá Fora
Crê Txiga Primero
Na Cá três Irmãs
IV
Frutas Fla Pa Nu Speral
Na Cumida Ca ta Corri
Ma Lelá Ca Tem Razão
Pê Pô Calma
Grogo Ca Ta Caba
Cas Hoji, Canta Más Dia 15
\Fim\
PS: Já agora, convidai para acompanhar Lady Gaga, a provocante, os cabo-verdianos Jon Luz e Miroca Paris, na interpretação do tema “Paródia Na Ca Nhânhâ”.
Praia, Maio 2019
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