O novo livro de José Luíz Tavares é uma espécie de “narração de um percurso biográfico” de um “sujeito que gostaria que fosse o José Luíz Tavares”. Vai ser lançado esta quarta-feira, 12, na Praia.
Aos 50 anos, José Luíz Tavares propõe-se, com 50 poemas, abrir o apetite para a leitura com um volume que faz parte de um díptico, sendo que o outro é o livro vencedor do Prémio BCA de literatura, “Rua Antes do Céu”, que, segundo o poeta, exuma ou reflecte sobre um “percurso existencial” de 50 anos de vida, sendo as Polaroides de “âmbito mais visceral”, e “Rua Antes do Céu” “mais ontológico”.
“O livro tem um subtítulo (50 antisselfies) que pressupõe uma distância quer topológica, quer ontológica. Ao contrário da selfie, a polaroide implica a existência de um segundo, que é essa voz que se dirige a um tu, esse sujeito que as próprias palavras do poema inventam”,disse.
Em declarações à Inforpress, o poeta tarrafalense precisou que este livro teve origem na particularidade de, durante alguns anos, ter escrito poemas sobre esse sujeito que poderia ser o José Luiz Tavares e oferecê-los aos amigos pelo dia dos seus anos.
A obra é composta por duas sequências, sendo que a primeira, denominada “Primeiras águas”, é constituída por 30 poemas, e a segunda, intitulada “Areias do Tempo – Cartas a ti Mesmo no Dia dos Teus Anos”, formada por 20 poemas.
O lançamento na Praia acontece no Salão do Munícipe da Câmara Municipal da Praia, no dia 12 de Julho, pelas 18:30, sendo a apresentadora a curadora da Biblioteca Nacional, Fátima Fernandes.
O livro será dado a conhecer ainda na terra natal do escritor, Chão Bom, concelho do Tarrafal (interior da ilha de Santiago), no fim de semana.
Para Outubro, o poeta diz estar planeada a saída duma antologia organizada por amigos, que deveria ser constituída por cinquenta poemas para os seus cinquenta anos, mas que a malta amiga resolveu escolher 100 poemas, com o pretexto de que “quando fizer os cem já cá não estarão para fazerem-me nova antologia”.
Para a mesma altura, está programada, igualmente, a saída duma colectânea que recolhe o conjunto das entrevistas do poeta e os textos, de mais diversa índole, que foi escrevendo nesses últimos anos.
De acordo com o escritor, deverá sair ainda o livro de poemas inéditos em língua cabo-verdiana, e um livro para neo-leitores jovens e adultos.
José Luiz Tavares nasceu em 10 de Junho de 1967, no Tarrafal, ilha de Santiago, tendo estudado Literatura e Filosofia em Portugal, onde reside desde há quase 30 anos.
Publicou “Paraíso Apagado por um Trovão (2003); “Agreste Matéria Mundo" (2004); “Lisbon Blues seguido de Desarmonia” (2008); "Cabotagem & Ressaca" (2008); “Cidade do Mais antigo Nome” (2009); “Coração de lava” (2014); “Contrabando de Cinzas” (2016).
Por estas obras, já foi distinguido por diversas vezes, tendo ganhos os prémios, entres outros, o de Revelação Cesário Verde - CMO 1999; Mário António - Fundação Calouste Gulbenkian (2004); Jorge Barbosa - Associação de Escritores Cabo-Verdianos (2006); Pedro Cardoso - Ministério da Cultura de Cabo Verde (2009) e Cidade de Ourense (2010).
Por três vezes consecutiva, 2008, 2009, 2010, recebeu o Prémio Literatura para Todos, do Ministério da Educação do Brasil.
Os seus livros estão traduzidos para inglês, espanhol, francês, italiano, catalão, finlandês, russo, mandarim e galês.
Este ano, a convite da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil, integrou o júri do Prémio Camões 2017, que atribuiu o galardão ao poeta português Manuel Alegre.
Inforpress
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