Uma desilusão Marcelista ou a primavera que não floriu
Colunista

Uma desilusão Marcelista ou a primavera que não floriu

Senhoras e senhores, neste ambiente de língua portuguesa (que podia ser a castelhana, a francesa, a inglesa e, quem sabe, um dia, a língua chinesa) eu tenho o direito, o privilégio, o prazer e o condão de vos comunicar que está aberto e declarado o combate, em meu nome expresso, e por todos aqueles que, por enquanto permanecem no silêncio, pela dignidade e respeito pelas gentes do Império Emisferiano das culturas latinas, asiáticas, africanas, ameríndias e oceânicas, pela proteção, amadurecimento, desenvolvimento e expansão das suas características e dos seus interesses civilizacionais, dos seus valores e princípios, dos seus usos e costumes. Continuarei o combate já há muito iniciado nos anos trinta do século XX. Cumprirei o desígnio já traçado e estabelecido em Osvaldo Alcântara.

“ (…)

Eu estarei de mãos postas, à espera do tesouro que me vem na onda do mar...

A minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos,

mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores

na linha de todas as batalhas”.

É triste constatar que não há pessoa confiável, com competência, com capacidade de entendimento e de interpretar a nossa realidade Emisferiana. Bem pelo contrário. Querem distorcê-la. Fabricá-la. Manipulá-la. Desvirtuá-la. Constata-se que se anda pelos pruridos das formalidades jurídicas, do bem parecer e do politicamente correto, das combinações em surdina e de bastidores, das festinhas e dos comes e bebes, dos sorrisinhos plásticos e falsos, usando uma legitimidade que nunca lhes foi conferida por Povo algum, para negociarem interesses próprios, talqualmente um CLUBE PRIVADO DO LINGUAJAR PORTUGUÊS (cplp). É triste, é vergonhoso assistir a mãos dúbias na bênção das fraquezas. Num outro tempo, muitas pessoas pensariam em tornar-se apátridas ou abraçar uma outra nacionalidade que não a portuguesa ou a cabo-verdiana ou qualquer outra falante da língua de Camões ao verem obrigadas a sujar a sua dignidade, perante tão decadente cenário de os governantes e chefes de Estado dos países falantes da língua portuguesa negociarem nas traseiras de quintais a entrada e a participação como membro da cplp de um país como a Guiné-Equatorial. Como clube privado, em nada me afronta o espírito. Mas em meu nome, em nome dos meus Povos, não aceito. Recuso, denuncio esta organização que, atuando sem legitimidade, quer branquear, enganar, obrigar a aceitar relacionamentos com um Estado Pária, violador dos direitos fundamentais e mais básicos do ser humano, da crianças e das mulheres, da liberdade de expressão e de pensamento, que promove o medo, as perseguições políticas e a pena de morte. Promove o crime organizado, o tráfico e o tráfego de armas, de crianças e mulheres. Os seus máximos dirigentes são condenados em tribunais europeus por corrupção e fuga aos impostos, para além de serem investigados pelas autoridades policiais e judiciais de França, Suíça, EUA, pelo menos. O país minado pela corrupção, pelas teias dos favorecimentos de amiguismos e das intrigas de famílias a digladiarem por poços de petróleo, onde a perseguição a jornalistas impera, é um facto público!

Não aceito, não dei autorização. Os senhores são ilegítimos representantes. Falam em vosso nome. Não dei autorização ao Presidente Marcelo, ao Presidente Fonseca, ao Primeiro-ministro de Portugal, ao Primeiro-ministro de Cabo Verde, nem aos respetivos ministros dos negócios estrangeiros para negociarem em meu nome a aceitação nos meus convívios e relacionamentos, nas minhas ordens jurídicas com Estados e governos como a Guiné-Equatorial. Não merecem a minha confiança política os senhores que se auto arrogam representantes dos povos, nem dentro e nem fora dos respetivos países a que me refiro. Merecem a confiança dos vossos pares, para os negócios a realizar entre vós e no vosso interesse, no âmbito do vosso CLUBE PRIVADO DO LINGUAJAR PORTUGUÊS. Não merecem, não têm a confiança dos povos. São ilegítimos representantes. Mas claro que vão passando por cima, como se tudo fosse digno, respeitável, legítimo, em liberdade e democrático, até que a bolha dos pés inche e estoire de vez.

Faz-me lembrar UMA DESILUSÃO MARCELISTA ou a Primavera que não floriu. Esta brincadeira do clube privado do linguajar português lembra-me uma Primavera dita Marcelista e que acabou em desgraça... Será uma desilusão marcelista adaptada ao século XXI...? Será que os nomes exercem influência sobre os próprios querendo por esse vínculo formal do nome continuar a cometer erros de excesso e de aparente ingenuidade? Já não sou adolescente... Eu que tanto confiei e acreditei, mesmo não tendo votado no senhor Professor, mas no seu adversário Sampaio da Nóvoa, por me haver desiludido no final da sua campanha eleitoral. Volta a desiludir, após encher-me o peito de esperança, com as condutas solidárias ao nível interno, os sem-abrigo, os incêndios e tantas outras demonstrações de respeito e consideração pelos mais frágeis e desfavorecidos. A quem eu julguei poder chamar o CAPITÃO de JUNHO, em complementaridade e continuação dos capitães de Abril. Mas esta aqui do Obiang e da Guiné-Equatorial não lembra ao diabo. Havendo alguém que podia refrear os freios desatinados e pimbas das gulodices materiais de uns quantos governantes, como por exemplo o Dr. Jorge Fonseca e mais uns tantos, acreditei eu que seria o Presidente Marcelo. Mas infelizmente também não é! Não é a e Pessoa para o tempo. O tempo ainda não chegou. As pessoas ainda vivem muito dependentes do cifrão, da boa vidinha cómoda, do bem parecer, do politicamente correto e dos labirintos de ficção jurídica para carregar a vida à eternidade das confusões e das poeiradas indissolúveis, ao marasmo das ausências de soluções, objetivos e condutas positivas e concretas que, num posterior andamento, tornar-se-ão insolventes. Enfim, esperemos pacientemente pelo tempo e pelas pessoas próprias e adequadas.

No entrementes, em prol do politicamente correto devo FELICITAR O NOVO MEMBRO DO CLUBE PRIVADO DO LINGUAJAR PORTUGUÊS E – o senhor OBIANG e sua família - dar os meus sinceros parabéns aos seus protetores, benfeitores e promotores português, cabo-verdiano, guineense e são-tomense por me confirmarem que de facto é um clube privado violador dos valores fundamentais da HUMANIDADE - cplp... SINTO VERGONHA POR VÓS, Ó SENHORES DITOS HOMENS DE ESTADO QUE REVELAM QUE, DE FACTO, NÃO SÃO...vergonha funda e profunda... Pertencem a uma dimensão, que não é a minha seguramente, que tem os dias obscuros e condenados à decadência moral e ética...NÃO TÊM FUTURO SENHORES DITOS DE ESTADO, MAS QUE NA REALIDADE BRINCAM ÀS CASINHAS E AOS NEGÓCIOZINHOS DE TRASEIRAS DE QUINTAL… VERGONHA! Então o senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal? Tornou-se mudo? Dr. António Costa, Primeiro-ministro de Portugal, agora vamos levar Obiang e família a Fátima, Leiria, a ver a Ponte Salazar atravessando o Tejo e olhando o Atlântico de esguelha? E se aproveitarmos esta alta conjuntura turística para lhes vender uns terrenos, umas quintas, uns palacetes...ao Clã Obiang. Ou mesmo investir em parceria com clã no arrendamento local que agora rende muito também. Que tal? Mais um milagre para fazer parte dos anais milagreiros deste país ibérico cheio de milagres na sua História!

De facto o Concerto não é possível. Ainda não existem músicos! E os que existem ainda praticam o solfejo. Até que se chegue à Orquestra em Concerto ainda vão ser precisos muitos passos a dar, a caminhar, muito amadurecimento espiritual e político, o que ficou infelizmente, mas finalmente demonstrado que o meu caminho é completamente oposto aos que hoje decidem em meu nome no plano internacional e interno. Por isso, vos congratulei e agradeço-vos a vossa honestidade tirada a saca-rolhas, por ficar a conhecer de facto as linhas com que me andam a querer coser com material tóxico e venenoso, amaciadas na água de cozer em lume incontrolado, capaz de incendiar uma costureira, uma cozinha, uma casa, uma rua, uma nação, um país, vários Estados. Apaga-se o incêndio interno, para lançar fagulhas fora do perímetro de segurança individual e física! De um Mundo universal querem-no endorreico!

Afogamentos

Dizer nada

Quando nada há para dizer

É para fazer soar os sinos

Alertar as aldeias

Chamá-las à ação

Dizer-se nada sobre tudo nadar

Quando nada se diz aos afogamentos

Esconde-se os ensinamentos

Pela fatalidade dos encolhimentos

Aos sinos até faz soar

Matabicho e bolinhos de rubi

I

Progressista evolução do espírito da moral é a saudade

Salto para a claridade sombreada da humana qualidade do nosso aprendizado

Que sem ele nos perdemos atónitos vazios do sentimento de onde mora a bênção

Nos quedamos na moral sem filosofia; na política sem ética

II

Talvez um dia me entregasse sem o saber

Pois sim… entregar-me às autoridades morais éticas da minha polícia e política de consciência

Sim, me entregar renunciando

Renunciar ao sistema de irrigação ao meu cérebro à tentação do pecado da minha carne carnívora

Renunciar ao grupo carnívoro; denunciar carnívoras pessoas

Colocá-las sob meu julgamento impiedoso

Condená-las por livre arbítrio

Condená-las a vida perpétua de joias e ouros; de viscosos petróleos e impenetráveis diamantes

III

Pois… talvez um dia me entregasse e desejasse oferecer-lhes pela manhã do dia o matabicho

Que mata o bicho a quem tem tanta fome de comida e não come

Servido por bandeja de ouro

Chá diamantino brotado de viscosa chávena

Rasgado por borrifos fotões de esmeralda em bolinhos de rubi

IV

Mas meu pensamento precisou sua linguagem:

Condeno quem

Por impor abstinência de comida

Mata

Nesta arte…

Aspiro igual sorte para quem carrega ao seu túmulo borrifos fotões de esmeralda rasgados sobre bolinhos de rubi, mimoseando-os com bigodeada comida ao matabicho?

Pois não devo, mas pensei com a minha linguagem!

Pobreza

O universo da Pobreza não é sinónimo de honradez

Pobreza é sinónimo de ausência de suporte material

Moral e ético

Sentimental e cultural

Para enfrentar os tempos espaciais

Pode tomar a pobreza diferentes modos

Pode ela ser parcial ou absoluta

De preferência

Um equilíbrio entre as diferentes atitudes de recusá-la

Não em detrimento, sempre na direção da eliminação de ambas

Na encruzilhada de inevitável opção

Levanto-me pela eliminação da pobreza que não é material

Já que me rodeio

Inevitavelmente

De mundo espacializado

Tridimensional

E nele me integro

Devendo preservar-se o que deve ser buscado na condução positiva

Harmoniosa, respeitadora

São os relacionamentos

Estes não repercutem seus efeitos de modo imediato e visível

Para a satisfação dos sentidos

Antes da visualização e da física sensação

Nela ulteriormente a ser marcada

Existem primeiro no sentimento e na razão

Raphael d’Andrade,

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