Denota a crispação, amiúde denunciada, e conota existir uma cultura política amesquinhada disposta a sonegar ao Mais Alto Magistrado da Nação o mais do que legal e legítimo exercício presidencial, que é o de endereçar mensagens à Nação e de solicitar a atenção dos cidadãos sobre o desandar das coisas. Convenhamos que só temos a ganhar com um Mensageiro que, sereno na Mensagem e respeitador das instituições da República, seja capaz, sim, de fazer-se ouvir à defesa dos interesses de Cabo Verde e do bem comum dos cabo-verdianos.
Quero o meu Presidente da República ativo e atento que, sendo preciso e em abono da cidadania que o elege diretamente, não se deixe condicionar à “obrigação” do silêncio, das meias palavras e das omissões, apenas e tão-só para não desagradar este ou aquele titular de cargo político, a este ou aquele partido político. Quero o meu Presidente tanto mais consciente e ciente do dever à Constituição, quanto sempre comprometido à realização do bem comum e do bem-estar dos cabo-verdianos. O meu Presidente que jogue limpo e com cartas na mesa do jogo democrático-constitucional.
Por isso, não vai mal ao Mundo, nem descarateriza a República, antes pelo contrário, que o Mais Alto Magistrado da Nação seja capaz de dialogar e de construir pontes, portador do zelo especial face à crescente crispação, exigente sem tibieza no responsabilizar os sujeitos políticos e alinhado, de modo afirmativo, com os mais vulneráveis, nestes tempos de alargamento da pobreza e de agravamento dos preços de bens e serviços, alguns dos quais de primeiríssima necessidade.
Não se esqueça que o atual Presidente da República foi eleito (entre as demais candidaturas e à primeira volta) com a promessa de respeitar a Constituição e ao solene compromisso de fazer cumprir os seus valores, inclusive sociais. Foi escolhido no afã de contundente apelo por um Cabo Verde mais justo e mais solidário, no qual os cabo-verdianos teriam mais participação cívica e melhor representação política, mais pão à mesa e melhor poder de compra, mais mobilidade e melhores serviços, mais dignidade e melhor segurança.
Entretanto, vendo as coisas com uma isenção, sem neutralidade demagógica, descortina-se que não são poucos os cabo-verdianos mais fragilizados e vulnerabilizados, como se a vida lhes desmoronasse e as prometidas oportunidades encalhadas numa crise sem fim à vista. Isto, na contramão do anunciado crescimento robusto e da redução do défice e da dívida, criando almofadas de correção social, expectativa afinal de todos. A pergunta é clara: Quando assim é, não faz sentido ouvir-se a voz do Presidente da República?
Estranha-se, entretanto, a reação exacerbada de certa gente. Denota a crispação, amiúde denunciada, e conota existir uma cultura política amesquinhada disposta a sonegar ao Mais Alto Magistrado da Nação o mais do que legal e legítimo exercício presidencial, que é o de endereçar mensagens à Nação e de solicitar a atenção dos cidadãos sobre o desandar das coisas.
Convenhamos que só temos a ganhar com um Mensageiro que, sereno na Mensagem e respeitador das instituições da República, seja capaz, sim, de fazer-se ouvir à defesa dos interesses de Cabo Verde e do bem comum dos cabo-verdianos.
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