Consta que as máquinas já tinham dado sinais de saturação há já algum tempo - os reforços deviam ser feitos de 5 em 5 anos - mas os responsáveis da empresa nada fizeram, ignorando o apelo dos motores. O mal está feito. Tapar o mal com a substituição pontual de peças não está a surtir efeito, por isso a cidade da Praia continua a sofrer com os cortes diários de energia. Até quando? Certamente o Governo sabe, mas não diz, porque acha que não deve cavaco a ninguém. Está bem assim? Não está! Dá para continuar assim? Não dá! Então, o que fazer? É mudar e já! Quem é incapaz de produzir resultados, deve procurar outro pouso, governar um país é coisa séria.
Um dos maiores defeitos da democracia cabo-verdiana é a ausência de responsabilização na administração do país. As instituições da administração pública direta e indireta do Estado, as empresas públicas e os seus principais dirigentes, nunca são chamados à pedra pelos prejuízos que provocam à nação no exercício das suas funções públicas, quase sempre bem remuneradas.
Nas democracias, a prestação de contas exerce um papel preponderante na construção do bem-estar coletivo e na defesa do interesse público, sobretudo enquanto premissas e fim último da administração pública. E prestar contas é sobretudo responsabilizar as instituições e os seus representantes pelas falhas e prejuízos imputados ao coletivo, sem razão plausível ou aceitável, sendo frequentemente frutos da incompetência dos seus protagonistas.
Cabo Verde, os seus políticos e dirigentes, devem ser impedidos de falar do desenvolvimento se continuarem a fechar os olhos na questão de prestação de contas e responsabilização dos titulares dos altos cargos da administração pública.
Vem isto a propósito da falta de energia elétrica na capital do país – Praia. A empresa Eletra, ou EDEC, terá falhado na planificação e nos investimentos que seriam imprescindíveis para o fornecimento normal e continuado da energia elétrica no maior centro urbano de Cabo Verde.
Instruções técnicas recomendam o reforço da capacidade de produção de energia elétrica na cidade da Praia em intervalos de tempo não superiores a 5 anos.
Ora, segundo informações da própria empresa, o último investimento no reforço da capacidade de produção foi feito em 2014. Feitas as contas, e a crer na autoridade dessas instruções técnicas, em 2019 a empresa devia investir no reforço da sua capacidade de produção. Não fez.
E não o tendo feito desde 2014, contam-se agora 11 anos sem os investimentos que garantiriam o fornecimento normal e continuado da energia elétrica na cidade da Praia.
Em face disto, entende-se que o Gabinete de Planeamento da empresa falhou e que o Conselho de Administração não fez convenientemente o seu trabalho. Num país sério, seriam responsabilizados, profissional e materialmente, pelos prejuízos causados às famílias, aos comerciantes e investidores, à economia e ao país.
Mas aqui ninguém é responsabilizado, antes são construídas narrativas e desculpas para enganar o povo, procuram-se bodes expiatórios com a promoção de teorias de conspiração e sabotagem, como forma de entreter as pessoas e driblar o escrutínio e a avaliação popular.
Não podemos continuar assim. O exercício de funções públicas acarreta direitos e deveres. Os responsáveis da Electra, ou EDEC, não podem ficar impunes, e muito menos o Governo, que, em última instância, é o maior responsável por esta crise energética por que passa a capital e o arquipélago.
Consta que as máquinas já tinham dado sinais de saturação há já algum tempo - os reforços deviam ser feitos de 5 em 5 anos - mas os responsáveis da empresa nada fizeram, ignorando o apelo dos motores. O mal está feito. Tapar o mal com a substituição pontual de peças não está a surtir efeito, por isso a cidade da Praia continua a sofrer com os cortes diários de energia. Até quando? Certamente o Governo sabe, mas não diz, porque acha que não deve cavaco a ninguém. Está bem assim? Não está! Dá para continuar assim? Não dá! Então, o que fazer? É mudar e já! Quem é incapaz de produzir resultados, deve procurar outro pouso, governar um país é coisa séria.
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