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A solidão social: um novo fenómeno   
Colunista

A solidão social: um novo fenómeno  

A família precisa se reorganizar, as Igrejas precisam mudar o discurso, e o Estado precisa intervir em parceria permanente com as duas das principais agentes da socialização humana (A família e a igreja). Realçando que as Igrejas precisam compreender que o ser humano não é só o espírito e sim um todo complexo. Uma visão holística que abrangeria todo o desenvolvimento do indivíduo.

Vivemos um novo ciclo da humanidade.

Uma das máximas Aristotélica (384-322 a.C.), o homem é um sujeito social e que em sua essência precisa pertencer a uma coletividade e necessita de se interagir. Em sua génese precisa de uma socialização positiva e dinâmica. A grande questão que se coloca neste postulado, é o surgimento de um novo fenómeno social - a solidão.

A humanidade atravessa um período nunca antes vivido na história. Sinais nos dão conta de um período tenso, ao mesmo tempo enigmático. O vazio interno vem soprando como um vento abrasador em tempos de autuno e inverno. O tédio e a tristeza fazem parte de um mundo social, que supostamente está conectado permanentemente. Há quem acredita numa solidão ainda mais aguda e patológica. Um novo despertar precisa acontecer e uma nova chama também. O mundo precisa mudar antes que seja tarde demais. Um colapso de ordem psíquico e social pode formar um cenário devastador numa proporção dramática.

Já estamos vivendo um tempo em que o ser humano se sente cada vez mais sozinho. Ninguém conta com ninguém e a confiança interpessoal pura já não existe, a amizade também. Sem esses elementos importantes na relação interpessoal genuína, a humanidade se sucumbe e a sociedade se deprime. Tudo evidente e ninguém precisa explicar nada.

A maior força humana, é a relação interpessoal de qualidade. Até o presente século o que sustentou a humanidade como a força motriz, é a relação entre as pessoas. Nesta base se constrói pensamentos, ideias e transformações.

A solidão social já é uma realidade bem presente nos nossos dias. Uma análise sincera, daríamos conta de uma crise interpessoal profunda e de uma ordem estranguladora. Isto porque a humanidade está num desencanto ao mesmo tempo desesperada. Uma ilusão que tudo seria bom e agradável, a moral se tornou imoral. A ética um ápice de golpes e contragolpes. O que nos resta é encarar a realidade ou nos frustrar ainda mais. Aquela relação de apoio e sinceridade é uma utopia. Esperar mais do que falsidade e jogos de interesses, seria um otimismo patético. Quanto antes acordarmos melhor.

Não precisamos de um olhar profético ou sobrenatural para percebermos a tamanha desordem no campo da relação interpessoal e intrapessoal entre os humanos. Posto isto, a falta de uma relação positiva e genuína entre as pessoas provoca a solidão social. Como consequência, a sociedade está se tornando cada vez mais incapaz de ter uma qualidade de vida psíquica e emocional saudável. O caminho para revertermos essa realidade é uma tomada de consciência libertadora.

Uma busca profunda por uma espiritualidade teológica pura. Uma procura de nós mesmos antes que percamos absoluta esperança.

A família precisa se reorganizar, as Igrejas precisam mudar o discurso, e o Estado precisa intervir em parceria permanente com as duas das principais agentes da socialização humana (A família e a igreja). Realçando que as Igrejas precisam compreender que o ser humano não é só o espírito e sim um todo complexo. Uma visão holística que abrangeria todo o desenvolvimento do indivíduo.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine