Uma em cada três pessoas em Cabo Verde não tem acesso suficiente aos alimentos seguros e nutritivos
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Uma em cada três pessoas em Cabo Verde não tem acesso suficiente aos alimentos seguros e nutritivos

O estudo do impacto da covid-19 no sistema alimentar em Cabo Verde aponta que de Março a Outubro de 2020 uma em cada três pessoas não tinha acesso suficiente a alimentos seguros e nutritivos.

Esta informação foi avançada pelo nutricionista e técnico do Secretariado Nacional da Segurança Alimentar e Nutricional, Ricardo Luz, em declarações à imprensa, à margem da X Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN), promovida hoje, na Cidade da Praia, pelo Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA).

Segundo este responsável, o referido estudo foi realizado em 2020 pelo MAA e abrange os 22 municípios de Cabo Verde, realçando que a covid-19 teve impacto negativo no sistema e na segurança alimentares no País.

“É importante ressaltar que um dos principais resultados do estudo é que uma em cada 10 famílias tem consumo alimentar insuficiente, ou seja, consomem normalmente produtos ricos em energia, tem um consumo elevado de açúcar, um baixo consumo de leguminosas e grupo de grandes proteínas”, acrescentou, realçando que o estudo foi avaliado através de uma escala psicométrica.

De acordo com o nutricionista, esta escala avalia desde a dimensão psicossocial da preocupação da família, da ansiedade de no futuro vir a faltar alimentos devido à falta de recursos financeiros ou outro meio até à dimensão física em que há falta de alimentos no agregado familiar.

Entretanto, salientou que devido às limitações não foi possível, através do estudo, avaliar directamente as características, porque não são observáveis, tendo admitido que os dados conseguidos apontam que uma em cada três famílias não tinha acesso a alimentos para ter uma vida activa e saudável.

“Quando vamos desagregar a nível do sexo por representante do agregado familiar observamos que as famílias cujo representante é do sexo feminino eram as mais afectadas pela covid-19 (…) Também avaliamos algumas características do ponto de vista económico-social e observamos daquilo que é o impacto psicossocial, ou seja, a opinião das famílias se perderam ou não os seus rendimentos, observamos que cerca de 40%  dos agregados relataram que perderam parcial ou completamente os seus rendimentos”, indicou.

Ricardo Luz avançou ainda que neste momento o contexto e impacto da covid-19 é diferente do período quando foi realizado o estudo, salientando, por outro lado, que as ilhas consideradas turísticas são as que registaram um impacto maior da pandemia da covid-19 na segurança alimentar em Cabo Verde.

“Estes municípios ou ilhas turísticas que são mais afectados também foram os municípios onde o consumo alimentar insuficiente era mais prevalente, tinham uma maior proporção de famílias com insuficiência alimentar de acordo com a metodologia utilizada”, salientou.

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