Um grupo de 46 trabalhadores da extinta companhia aérea Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) reclamaram hoje do Governo e da angolana Bestfly salários em atraso e indemnizações acordadas há quase 100 dias.
Os pagamentos deviam ter sido feitos no prazo de duas semanas, após um acordo celebrado em agosto, mas “ninguém responde”, disse Rubem Barros, membro da comissão de trabalhadores da TICV, em entrevista à Lusa.
“Há um vazio dos dois lados: o Governo não nos recebe e a empresa também não”, disse.
“O Estado deve proteger o povo, mas estamos a sentir um abandono total, sem nenhuma resposta e com tentativas [de contacto] todas frustradas", acrescentou aquele representante.
A companhia fazia os voos interilhas até suspender operações em abril, com críticas entre os dois sócios, o Estado, que detém 30% da companhia, e a Bestfly, com os restantes 70%.
Seguiu-se um processo de despedimento coletivo e um acordo assinado em 22 de agosto, que previa o pagamento de salários de julho, agosto e indemnizações “num prazo máximo de 15 dias úteis”.
“No entanto, 94 dias após a assinatura, os trabalhadores continuam sem receber os valores devidos”, referiu.
Parte do grupo concentrou-se, na terça-feira, à porta dos antigos escritórios da empresa e planeiam mais protestos para os próximos dias.
“Há várias famílias prejudicadas”, indicou, dependentes de trabalhadores com vários anos de serviço por indemnizar, alguns sob apoio psicológico e outros “que já emigraram”, desde pilotos e quadros especializados de aviação, até pessoal de limpeza e manutenção.
Sobre a criação de uma nova companhia área, 100% estatal, dedicada somente aos transportes domésticos, Rubem Barros tem dúvidas que possa ser uma solução para este grupo.
“É tipo uma jogada: nós apertamos e sai alguma notícia, algumas promessas. O Ministro de transporte prometeu integrar-nos na nova empresa, mas não temos nenhum ‘feedback’, ninguém foi contactado. Há rumores, a empresa já está no Boletim Oficial, mas aos trabalhadores não foi dito nada”, concluiu.
A Lusa tentou obter esclarecimentos junto do Ministério dos Transportes, que remeteu esclarecimentos para um comunicado a divulgar mais tarde.
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