Os praienses são tolerantes, mas não são tolos
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Os praienses são tolerantes, mas não são tolos

Essa nova geração do MPD que de original não tem nada como bem disse o deputado Orlando Dias, não vê adversários políticos nem vozes dissonantes. Vê inimigos para abater, para exterminar, para limpar da face da terra custe o que custar e Francisco Carvalho, o atual presidente da Câmara da Praia, está para essa geração como Hamas está para Israel, isto é, na mira dos seus canhões. Caro Francisco, se o seu único pecado foi ter chegado à Presidência da Câmara da Praia, capital do país, legitimado pelo voto popular, Deus o salvará das garras dos abutres.

Alguns aspirantes a políticos ta trata-nu pa tolobasku, pamodi es pensa ma nu mama na besta. Querem fazer-nos crer que o Presidente da Câmara da Praia, Francisco Carvalho, candidato à sua sucessão, é o responsável por todos os males que assolam a capital cabo-verdiana. Que se temos desemprego juvenil galopante na Praia é porque ele não conseguiu criar postos de emprego, mesmo sabendo que não foi ele que prometeu criar 45 mil postos de emprego, em cinco anos. Que os doentes mentais que andam a deambular pela cidade é por culpa dele, mesmo sabendo que quem mandou demolir o único hospital psiquiátrico de Santiago e de Cabo Verde, com o compromisso de reabilitá-lo em 10 meses, e que ficou pela colocação da placa em 2021, é o governo do MPD. É público que em todas as cidades de Cabo Verde existem doentes mentais, por sua conta e risco, na rua, mas que nas outras cidades, na ausência do pobre Francisco, ninguém é responsabilizado.

Querem nos convencer que Francisco é o responsável pela entrada da epidemia da dengue no país, no entanto, quando em 2009 houve um surto de dengue no país, na altura em que o presidente da Câmara da Praia era o atual primeiro-ministro, Ulisses Correia, ninguém lhe atribuiu a culpa pelo infortúnio. Os casos de dengue na Itália, França, Holanda, Bélgica, Grécia, Portugal em 2023 e 2024 também são da responsabilidade de Francisco ou da falta de limpeza nessas cidades? Kigali capital de Ruanda é considerada a cidade mais limpa de África, no entanto tem surtos de dengue. Quando os cientistas dizem que as mudanças climáticas, o aumento da temperatura, chuvas intensas e armazenamento inadequado de águas propiciam o surgimento da dengue, aqui na tapadinha, as autoridades atribuem a culpa a um único indivíduo, um alvo a abater sem dó nem piedade - Francisco Carvalho -, pensando que desta forma tomarão a Câmara da Praia custe o que custar.

Ainda, dizem que o governo só não está a investir na capital porque o atual autarca e candidato não apresentou projetos. Estão a passar mensagens para os tolos. Durante os longos 12 anos em que a Câmara pertencia a este governo, houve investimentos com impactos significativos na Praia e em Santiago?  O que não aconteceria ao governo espanhol, português, francês, belga, italiano, se não investissem em Madrid, Lisboa, Paris, Bruxelas e Roma pelo facto de os respetivos autarcas não terem apresentado projetos?

Chegam ao cúmulo de nos dizer que a criminalidade na cidade capital é da sua responsabilidade, porque tem uns guardas municipais que sequer possuem armas. Isto é, fingem maldosamente que ele é que tem o domínio da polícia de ordem pública, das forças armadas, da polícia judiciária, dos tribunais e até das finanças públicas para direcionar fundos para o combate aos males sociais.

Francisco tem culpa rixu. Esteve debaixo de fogo cruzado durante 4 anos, não teve um único dia de trégua. O fogo vinha de todos os lados. É o único autarca na história do municipalismo cabo-verdiano a sujeitar-se a três equipas de inspetores em simultâneo. Não é que somos contra a inspeção, mas como não temos muitas equipas de inspetores, pelo menos deviam tirar uma equipa para enviar para as Câmaras do Norte.

Quando há poucos dias havia uma onda de vandalismo dos bens públicos, com a queima de contentores nas avenidas e bairros da Praia, onde existem centenas de câmaras de videovigilância, mas que, ao que parece, das três existentes num poste, uma rotativa e duas fixas, uma delas é míope ou sta ku venda para não captar os incendiários. E quem tem a responsabilidade pela segurança interna não faz aquilo que se faz noutras paragens, isto é, vir a público tranquilizar a população, dizendo: A destruição de bens públicos é crime e tudo será feito para que os autores sejam apanhados e responsabilizados.

Como o objetivo é destruir Francisco, é tirá-lo da cena política, em vez disso, o ministro da administração interna Paulo Rocha aparece nas ladeiras de Achada Grande Frente à cata do lixo com uma vasta equipa da TCV, a fim de mostrar a falta de saneamento e as causas da dengue.

Sendo o lixo uma questão ambiental e dengue de saúde pública, pergunto: onde estavam os ministros dessas pastas? Não se aperceberam que se tratava de uma ingerência inqualificável de um outro ministro nas suas respetivas funções?

Quando temos um chefe de governo com pulso fraco é difícil saber quem é quem no governo. Há quem diga que em Cabo Verde temos dois vice-primeiros ministros: um de jure, que é Olavo Correia e outro de facto, que tem carta branca do primeiro-ministro para fazer e desfazer que é Paulo Rocha.

Os cabo-verdianos devem ter ficado pasmados ao ouvir o presidente da Assembleia Nacional a elogiar, por um lado, o ministro Paulo e, por outro, a espicaçar os ministros que não conseguem resolver as reivindicações nos seus ministérios, aquando da sua intervenção no passado dia 15 de novembro, cito: “Tem sido um ministro muito ativo com uma capacidade de convencimento do governo e Assembleia Nacional para que nos sucessivos orçamentos do estado sejam alocados recursos para a criação de melhores condições para o desempenho das funções da Polícia Nacional”. Esperemos que os ministros da Educação, Justiça e Saúde tenham a humildade para irem fazer estágio com esse famoso vice-primeiro ministro de facto, a fim de aprenderem a fazer o mesmo pelos seus ministérios.

Para chegarem à fruta apetitosa que é Praia, custo o que custar, nos dizem que de 2008 a 2020, tempo que durou o domínio ventoinha na Câmara da Praia, tudo era maravilha, havia muito emprego juvenil, não havia doentes mentais na rua, Praia era a cidade mais segura do continente africano, sem lixo, sem epidemia, onde os terrenos urbanos   eram distribuídos com toda a lisura aos pobres, que não havia pedintes nas ruas do Plateau, enfim, que tudo mudou nesses 4 anos.

Uma coisa é certa, os praienses e santiagueses que não eram pessoas dadas à graxa também estão a mudar. Alguém me telefonou de uma das nossas ilhas, perguntando se tinha visto um post de um oficial superior da Polícia na reforma que com escova na mão direita e graxa na mão esquerda polia os sapatos do ministro da administração interna, afirmando que era o melhor ministro do governo do MPD e melhor ministro na história da polícia cabo-verdiana. Não cheguei a ver o tal post, porque o oficial, talvez arrependido da blasfémia, já o tinha eliminado.

Desde 1975, pela Polícia Nacional, já passaram perto de uma dezena de ministros, e cada um deu o seu valioso contributo para o engrandecimento da polícia cabo-verdiana. Agora considerar aquele que mais conflitos teve com a classe, um recordista em processos disciplinares, perto de quatrocentos duma assentada, aquele que considera inimigo a bater quem tem opinião diversa da sua  o melhor, é caso para dizer há razoes que a própria razão desconhece e citar Lucas 23:34 “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”

Essa nova geração do MPD que de original não tem nada como bem disse o deputado Orlando Dias, não vê adversários políticos nem vozes dissonantes. Vê inimigos para abater, para exterminar, para limpar da face da terra custe o que custar e Francisco Carvalho, o atual presidente da Câmara da Praia, está para essa geração como Hamas está para  Israel, isto é, na mira dos seus canhões.

Caro Francisco, se o seu único pecado foi ter chegado à Presidência da Câmara da Praia, capital do país, legitimado pelo voto popular, Deus o salvará das garras dos abutres.

 

 

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Comentários

  • Casimiro centeio, 27 de Nov de 2024

    Verdade, Caro Elias! Esta nova geração do Mpd é terribilissimo! Uma vez alguém teria definido esse Mpd (ulissado) da seguinte maneira: um grupo de percevejos que, sugando o mesmo sangue e, acabado o sangue, morrem todos. Estará esse alguém exagerando? Não! Apenas alertando para uma ditadura obducta (oculta). Quanto ao FRANCISCO CARVALHO, podemos considerar a seguinte metáfora: os insetos não se tumultuam á volta de uma luz apagada.Basta ser a luz para que seja atacado

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