Conceição Sousa é mãe de uma criança diagnosticada com síndrome de Asperger que viu a sua vida social e profissional afectada por ter de acompanhar a filha de 12 anos à escola das 8 às 11 horas, todos os dias.
“É que na escola sou eu quem a acompanha, quem traça o dia da sua aprendizagem porque a professora, na sala onde está, numa escola em Achada São Filipe, nem formação tem na área para orientar, lidar e ensinar a minha filha”, disse à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial do Síndrome de Asperger, um estado do espectro autista, geralmente com maior adaptação funcional e que se assinala a 18 deste mês.
Diz ainda que o Ministério da Educação tem afirmado, sempre, existir inclusão das crianças com deficiência no sector educativo, mas segundo afirma, o que se constata é a não existência de materiais para ensino e nem professores capacitados e preparados para enfrentar um aluno atípico.
Conceição Sousa sublinhou ainda que, enquanto mãe, também não foi preparada para enfrentar esta situação, mas que tudo fará para, incansavelmente, ajudar a filha a instruir-se, mesmo sendo ela a ditar a estratégia de ensinamento, como tem vindo a fazer.
“Não falo só por mim, mas por todas as mães que passam pelo mesmo problema e que não recebem nenhuma ajuda”, referiu, apontando como maior necessidade a de alimento, medicamento e um local onde possa deixar a filha para ser cuidada.
Ressaltou ainda que, acaso houvesse um centro onde pudesse deixar a filha para ser cuidada, poderia trabalhar e cuidar das outras descendentes, sem ter de esperar pela ajuda do Governo.
Conceição Sousa admitiu receber uma pensão do Governo no valor de 5.820$00 para cuidar de Isandra dos Santos e felicitou o sector da saúde pelo tratamento que tem recebido, mas reclama consultadas marcadas há mais de dois anos e sem respostas.
O sector da educação, segundo frisa, é a mais complicada já que as crianças com este tipo de deficiência ficam “ao Deus dará” e sem quem os guie, se não houver uma mãe “guerreira” que deixe tudo para fazer valer o progresso educativo do filho (a).
Disse receber ajuda apenas da Associação Colmeia, apesar de ter batido em várias portas, inclusive, a Câmara Municipal da Praia, mas sem resposta.
O Síndrome de Asperger define-se como uma “condição psicológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interacção social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.”
As pessoas com Asperger vêem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente da maioria das outras pessoas. Trata-se de um espectro de autismo, o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Dia Internacional da Síndrome de Asperger é assinalado a 18 de Fevereiro em memória ao pediatra austríaco, Hans Asperger (1906-1980), o primeiro médico a descrever este transtorno, e visa destacar a importância da integração das pessoas com o síndrome na sociedade e sensibilizar população sobre esta doença.
Estima-se que existam mais de 67 milhões de pessoas com autismo e síndrome de Asperger no mundo.
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