Produtos para a preparação do tradicional almoço de Cinzas, que se celebra na próxima quarta-feira, 22, vão estar disponíveis em “Feira de Cinzas” em cinco dos seis municípios que compõem a região Santiago Norte.
Com excepção de São Salvador do Mundo, nos demais cinco concelhos, Santa Catarina, Santa Cruz, São Miguel, São Lourenço dos Órgãos e Tarrafal, os produtos indispensáveis para a confecção do almoço de Cinzas, uma tradição que está enraizada na ilha de Santiago, como peixe seco, couve, batata (doce e comum), mandioca, cenoura, xerém, mel, coco, cuscuz, feijão seco para “trutxida”, entre outros, vão estar à disposição da população da região Norte em mais uma edição da “Feira de Cinzas”.
O evento arrancou esta quarta-feira, 15, em Assomada, Santa Catarina e termina no próprio dia de Cinzas na maioria dos municípios.
No município de Santa Catarina, depois de uma paragem de três anos por causa da pandemia de covid-19, a edilidade, através do pelouro da Economia Local promove de 15 a 22 de Fevereiro a quinta edição da Feira de Cinzas que vai ter como palco a Zona Pedonal, e uma extensão na vila da Ribeira da Barca, com início previsto para 19 e término no dia 22 deste mês.
À Inforpress, a directora da Economia Local e Transportes da Câmara Municipal de Santa Catarina, Carla da Moura, explicou que esta feira constitui uma grande oportunidade de negócios para os produtores agrícolas, mas também permite a troca de experiências entre os feirantes e fazendo da cidade do planalto a melhor escolha de visitas nesta ocasião.
Ou seja, ajuntou que o principal objectivo é dinamizar a economia local durante oito dias do certame, que vai contar com oito expositores em Assomada e seis em Ribeira da Barca.
Já em Santa Cruz, a câmara municipal leva à localidade de Ribeira dos Picos, em Jantor, mais uma edição da Feira de Cinzas de 19 a 20 de Fevereiro, com abertura ao público a partir das 10:00 e encerramento às 18:00.
Organizada pela Câmara Municipal de Santa Cruz e Associação Jovens em Acção para o Desenvolvimento de Chã da Silva, o evento além de “imprimir mais dinâmica a esta tradição expressiva na ilha de Santiago, em particular neste município do interior de Santiago, vai promover “a ribeira mais verdejante e produtiva de Cabo Verde”.
Também no Tarrafal, com vista a criar uma “grande oportunidade” de negócios para os produtores agrícolas e operadores da restauração, a autarquia, por meio do Serviço Autónomo do Mercado Municipal promove uma edição da “Feira de Cinzas” nos dias 20, 21 e 22 de Fevereiro, em frente ao Mercado Municipal do Tarrafal, a partir das 07:00.
A mesma irá disponibilizar à população uma variedade de produtos típicos para a preparação do tradicional almoço de Cinzas, como peixe seco, couve, mandioca, batata-doce e inglesa e mel.
Para além da comercialização de produtos, este ano a autarquia tarrafalense decidiu abrir um espaço propício no Parque das Merendas em que as pessoas podem almoçar e degustar os pratos típicos da festa de Cinzas.
Em São Miguel, a edilidade micaelense vai promover de 18 a 22 do corrente mês o “Calheta Gastrofest Cinzas”, na praia de Calhetona, com um leque de actividades desportivas, gastronómicas e culturais.
Assim como nos demais municípios, em São Lourenço dos Órgãos além das hortaliças, legumes e peixe seco, os laurentinos e visitantes vão ter oportunidade de degustar cuscuz com leite e com mel de 18 a 20 de Fevereiro.
As iniciativas, que se inserem no programa das festas de Carnaval e Cinzas desses municípios, vão servir, igualmente, como um espaço onde os feirantes vão poder expor/vender os seus produtos e pratos gastronómicos a condizer com o almoço da Quarta-feira de Cinzas.
Numa mesa “farta” predomina um prato à base de xerém, coco, feijão, em forma de “trutxida”, peixe seco, cozido entre outros e cuscuz com mel como sobremesa.
No dia de Cinzas, segundo os religiosos, a igreja recomenda não só a abstinência de carne como também jejum.
Entretanto, em Cabo Verde mormente no interior da ilha de Santiago, muitas pessoas se deixam levar pela tradição cultural e as residências são recheadas de pratos tradicionais.
Entretanto, a reportagem da Inforpress que esteve esta manhã no mercado municipal, na própria “Feira de Cinzas” e locais de vendas, sobretudo no terminal rodoviário da cidade de Assomada constatou que os ingredientes para a preparação do tradicional almoço de Cinzas registaram grandes aumentos, e isso deve-se às crises que afectam o País e o mundo.
Conforme informaram as próprias vendedeiras, um quilo de couve está a ser vendido por 200 escudos, repolho 140 escudos quilo, batata doce a 200 e 220 escudos quilo e batata comum por 160 escudos quilo, mandioca está à venda por 280 escudos, cenoura está a ser vendida a 240 escudos quilo, o coco varia entre 180 a 200 escudos por unidade, e este ano nem os legumes estão a preços “acessíveis”, por exemplo, tomate está a ser vendido a partir de 140 escudos quilo, pimentão 380 e salsa a partir de 50 escudos por molho.
O preço de peixe seco, um dos principais ingredientes para o almoço de Cinzas, que também veio de outras ilhas, dependendo de peixe está a ser vendido a partir de 1000 escudos quilo.
No que tange ao mel para acompanhar o cuscuz, produto que os comerciantes garantem ser “puro cana-de-açúcar” está a ser vendido a 600 escudos litro, a farinha de trigo para confeccionar o cuscuz pode ser encontrada por 140 escudos quilo, a farinha para o xerém a 180 escudos.
Para além da ilha de Santiago onde a população quer manter viva esta manifestação cultural, as Cinzas são também festejadas de forma assinalável nas ilhas do Maio, Fogo e Brava.
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