O número de edifícios “não clássicos” em Cabo Verde, essencialmente barracas ou casas de bidão, aumentou mais de 85% desde 2010, para quase 3.000, segundo dados do recenseamento realizado este ano, apresentados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A população diminuiu 1,6% em relação ao último senso.
“Não posso dizer as causas neste momento. Como dissemos no início, trata-se de resultados preliminares, resultados tal como vieram do terreno, ainda não tivemos tempo de analisar as causas e fenómenos (…) Há mais barracas do que em 2010”, disse hoje a coordenadora técnica do Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH-2021) de Cabo Verde, Maria de Lurdes Lopes.
De acordo com os dados preliminares do RGPH-2021, apresentados em conferência de imprensa, na Praia, pelo INE, o número total de edifícios em Cabo Verde aumentou 31,3% desde 2010, para os atuais 150.016.
Destes, 146.161 são considerados “clássicos” (+29,9%), mas 41.488 estão em situação de “não concluídos”, de acordo com os números preliminares do RGPH-2021, cuja recolha de dados no terreno decorreu de 16 de junho a 07 de julho.
O recenseamento concluiu que existem em Cabo Verde 2.977 edifícios “não clássicos”, entre os quais “barracas, casas de bidão ou contentores”, 90,1% dos quais nos meios urbanos.
No recenseamento realizado em 2010, foram identificados 1.603 edifícios “não clássicos” em Cabo Verde, pelo que os dados de 2021 indicam um crescimento de 85,7%.
“A maioria das barracas é em São Vicente [7,3%], Sal [6,6%] e Boa Vista [3%]. E depois uma percentagem pequena [1,5%] na Praia”, acrescentou a coordenadora do RGPH-2021.
Foram ainda contabilizados outros edifícios considerados “clássicos”, como de alojamento coletivo ou fábricas, num total de 848 e 30 ainda não estão classificados.
A população residente em Cabo Verde caiu para 483.628 habitantes, menos 1,6% face ao recenseamento realizado em 2010.
Este levantamento permitiu recensear, em quatro unidades estatísticas, 498.063 indivíduos, 145.952 agregados familiares, 150.016 edifícios e 200.979 alojamentos.
Os dados referem que no total de indivíduos recenseados, 483.628 são população residente, 14.128 visitas, 104 sem-abrigo e 203 passaram a noite de 15 para 16 de junho (momento censitário) nos navios atracados nos portos do arquipélago, além de 128 ainda por classificar.
Do total da população residente, 250.262 são homens e 247.801 mulheres, segundo o recenseamento de 2021.
Pela primeira vez, em termos nacionais, há mais homens do que mulheres em Cabo Verde. Contudo, em todos os concelhos da ilha de Santiago há mais mulheres do que homens, precisamente o contrário de todos os outros concelhos e ilhas do país.
No recenseamento de 2010, a população residente em Cabo Verde era de 491.683, com o INE a estimar uma taxa de crescimento médio anual de -0,2% face aos dados de 2021.
As ilhas turísticas da Boa Vista e do Sal foram as únicas a ganhar população, num crescimento médio anual, respetivamente, de 2,9% e 2,4%, para 12.613 e 33.347 residentes, enquanto a Praia (ilha de Santiago) cresceu 0,7% desde 2010, para 142.009 residentes.
O concelho da Praia conta 29,4% da população residente em Cabo Verde, São Vicente 15,3%, Santa Catarina 7,7% e Sal 6,9%, enquanto globalmente 73,9% reside no meio urbano e 26,1% no meio rural.
Cabo Verde realizou anteriormente quatro recenseamentos após a independência, em 1980, 1990, 2000 e 2010. No anterior, em 2010, a população residente no arquipélago então contabilizada foi de 491.875 pessoas, 117.289 agregados familiares (+24,4% em 2021), além de 114.297 edifícios (+31,3% em 2021) e 141.761 alojamentos.
O RGPH-2021 de Cabo Verde, a maior operação estatística do arquipélago, ao envolver cerca de 2.000 profissionais, decorreu no terreno, com a recolha de dados totalmente em formato digital, de 16 de junho a 07 de julho.
Envolveu recolha de dados em alojamentos familiares e coletivos, hotéis, estabelecimentos turísticos, hospitais, estabelecimentos prisionais e quartéis, incluindo ainda pessoas sem-abrigo.
Os dados definitivos do recenseamento serão divulgados até janeiro de 2022.
O quinto Recenseamento Geral da População e Habitação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiado para este ano, face à pandemia de covid-19.
Comentários