
O advogado Simão Monteiro, colega de muitas andanças do falecido Pedro Freire, disse esta quinta-feira, 9, à Inforpress que o País perdeu um “grande cidadão, um grande político e, sobretudo, um homem de coração imenso”.
“Espero que o Estado de Cabo Verde esteja à altura da cerimónia fúnebre que ele merece”, desejou Simão Monteiro, antigo colega do Seminário S. José, na Praia, acrescentando que Pedro Freire não tem algo de negativo que possa envergonhar a sua família, enquanto homem, político e magistrado.
Instado a pronunciar-se sobre uma eventual homenagem que a Câmara Municipal de Santa Catarina podia fazer ao malogrado para eternizar a sua memória, já que Pedro Freire, além de ter sido seu presidente, é, também originário deste município, Monteiro respondeu nesses termos: “Isso é uma vertente política e cabe aos políticos avaliar esta opção. Mas, ele não é desmerecido desta homenagem. Como homem de Santa Catarina que sou, sentir-me-ia satisfeito. De tantos nomes que se costuma dar às ruas das cidades, penso que, no caso de Pedro Freire, seria de inteiro merecimento”.
Simão Monteiro conta que ele e Pedro Freire se conheceram em 1973, no Seminário de São José e, depois da independência, em 1975, quando as aulas foram transferidas para o Liceu Domingos, foram colocados na mesma sala. Concluídos os estudos liceais, seguiram no mesmo avião para Lisboa, onde se licenciaram em Direito na mesma faculdade.
A mesma fonte lembra ainda que, regressados a Cabo Verde, os dois se tornaram nos primeiros magistrados licenciados em Direito colocados em Santo Antão após a independência.
“O Pedro [Freire] foi um excelente companheiro, pessoa muito humilde, de trato fácil, sempre contente e um excelente jurista”, sublinhou Simão Monteiro a respeito do falecido, acrescentando que ele foi um “excelente magistrado que despachava os processos com rapidez”.
“Desejamos que seja recebido no reino de Deus e que a paz acompanhe a sua alma”, exortou Simão Monteiro, concluindo que Freire deixou “gratas recordações”.
Os restos mortais de Pedro Freire vão hoje a enterrar no Cemitério da Várzea, na Praia.
Pedro Freire de Andrade faleceu a 28 de Agosto em Portugal, onde se encontrava de férias e a caminho de Cabo Verde.
Foi vítima de duas paragens cardíacas, após ter sido operado ao coração na sequência de um enfarte ocorrido na semana passada em Lisboa.
O magistrado trabalhava desde os finais de 2002 em Timor-Leste, depois de se ter candidatado a um cargo de assessoria jurídica nas Nações Unidas (via PNUD), para ajudar na formação de magistrados no novo Estado independente.
Com o fim da missão das Nações Unidas foi recrutado pelo Parlamento Nacional, também como assessor jurídico, onde trabalhava até agora (por cerca de dez anos), tendo contribuído para a elaboração e ajudado a aprovar muitos diplomas estruturantes do Estado de Direito Timorense.
Foi ministro da Justiça num dos Governos do Movimento para a Democracia (MpD) e, depois, presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, eleito nas listas deste partido.
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