Cerca de 9 por cento (%) da população cabo-verdiana passa actualmente por fortes dificuldades alimentares, conforme dados avançados segunda-feira pelo ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
Segundo o ministro, em entrevista à Rádio Nacional de Cabo Verde (RCV), são cerca de 30 mil pessoas que passam vários dias sem se alimentar convenientemente, ou seja, sem “suprimirem completamente as suas necessidades energéticas” e que estão enquadradas na Fase 3 (“crise”) da escala internacional de segurança alimentar.
“Temos um mínimo de calorias que temos de consumir, e essas pessoas não têm conseguido esse mínimo”, disse indicando que os dados constam de quadro harmonizado, uma avaliação da situação de segurança alimentar na Região Africana.
“Nós tivemos uma maior parte dos anos a situar-nos entre 1 e 2%, durante 2020, em plena pandemia, estivemos a volta de 3%, e agora com impactos dessas crises todas, incluindo da guerra na Ucrânia há um aumento do número de pessoas para 30 mil, isto significa à volta de sete mil famílias a passarem por maiores dificuldades alimentares”, explicou.
Entretanto, para contornar a situação, Gilberto Silva adiantou que o Governo decidiu abrir frentes de emprego público já a partir de Julho para um período de três meses, estando já para o efeito disponível uma verba de 231 mil contos.
“São cerca de 231 mil contos que irão ser empregados em três meses. O programa deve arrancar no mês de Julho e, para os primeiros três mês. Portanto, até final de Setembro para essas famílias com maiores dificuldades no acesso a alimentos. São trabalhos públicos que não demandam grande qualificação”, especificou.
O modelo a ser aplicado, de acordo com o governante, será o da celebração de contratos-programa com os municípios.
O Governo, segundo a RCV, não descura a assistência directa às famílias através de organizações da sociedade civil e confissões religiosas.
Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como os combustíveis e a alimentação, estão a contribuir para um aumento da taxa de inflação e muitas famílias cabo-verdianas, que já vivam em situação de limite, estão agora a passar por dificuldades maiores.
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