José Maria Neves cancela visita à ilha Brava por avaria de navio
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José Maria Neves cancela visita à ilha Brava por avaria de navio

A Presidência da República anunciou hoje o cancelamento da visita do Presidente à Brava, devido à avaria do navio que faz a ligação interilhas, deslocação em que José Maria Neves pretendia precisamente destacar o “isolamento” daquela ilha.

O chefe de Estado, de acordo com uma nota da Presidência, já se encontrava na ilha vizinha do Fogo quando, esta manhã, foi “surpreendido com a informação da Cabo Verde Interilhas de que, afinal, não haverá mais a ligação, por avaria no navio que deveria assegurar a viagem”.

“Uma situação que parece estar a tornar-se uma constante nas ligações marítimas interilhas. Não restando outra alternativa, a Presidência da República lamenta informar que a sua deslocação à ilha das flores fica assim cancelada. Esta situação não deixa de ser uma grande ironia, pois que um dos principais objetivos desta deslocação do mais alto magistrado da nação à Brava era trazer para a agenda pública a situação de isolamento da ilha”, lê-se no comunicado.

“Este facto, aliado às limitações dos serviços de saúde, incluindo o sistema de evacuações ou a falta dele, acaba por provocar um sentimento constante de insegurança e de abandono dos bravenses. O caso da Brava é por demais paradigmático da precária situação atual de todo o sistema de ligações (marítimas e aéreas entre as ilhas)”, observou ainda a Presidência.

A Cabo Verde Interilhas, detida em 51% pela Transinsular, do grupo português ETE, assume desde agosto de 2019 a concessão do serviço público de transportes marítimos de passageiros e carga, por vinte anos, mas tem enfrentado várias avarias em navios e críticas por parte de passageiros, apesar de já ter transportado mais de 1,5 milhão de pessoas nos primeiros três anos de operação.

José Maria Neves já tinha pedido na quarta-feira soluções “duráveis e sustentáveis” para resolver os problemas de transportes nas ilhas mais isoladas do país, antecipando esta visita à Brava, inicialmente prevista para de 28 de outubro a 01 de novembro.

“A ilha Brava é extremamente importante porque é uma ilha que está muito isolada, que tem problemas de transportes, que é o nosso maior calcanhar de Aquiles em Cabo Verde”, afirmou José Maria Neves.

A Brava é uma das ilhas mais isoladas de Cabo Verde, não dispõe de aeródromo ou de ligações marítimas regulares, o que tem provocado vários constrangimentos na realização de evacuações médicas para a vizinha ilha do Fogo.

“Tem problemas de segurança, desde logo toda a questão do isolamento provoca um sentimento de insegurança, mas quando as pessoas não podem ser evacuadas ou não são evacuadas nas melhores condições, quando não há possibilidades de prestação de determinados serviços públicos na ilha, cria-se um sentimento de isolamento e de insegurança e o Presidente tem que estar presente para dialogar com as pessoas, ver os desafios e apoiar na construção de soluções e de compromissos quanto ao futuro”, afirmou José Maria Neves.

O chefe de Estado disse que durante a visita à Brava pretendia “ver os serviços de saúde, os serviços de proteção civil e os serviços portuários”, mas também “estar com as comunidades” para conhecer “as principais reivindicações”.

A ministra da Defesa, Janine Lélis, anunciou este mês a instalação de um destacamento militar e colocação de forma permanente de uma embarcação da Guarda Costeira na ilha Brava para a realização de evacuações médicas.

Uma delegação da Guarda Costeira já esteve na ilha Brava, a mais pequena habitada e a mais a sul do arquipélago, para fazer um estudo que suportou a decisão de colocar estes meios.

“Já temos orçamento garantido para o efeito e vamos iniciar a sua implementação brevemente”, prometeu Janine Lélis, referindo ainda que a medida tem como objetivo reforçar a fiscalização marítima, realizar mais operações de busca e salvamento e fazer maior controlo e repressão de atividades ilícitas no mar e apoiar a proteção civil.

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