O director do Gabinete para Assuntos Farmacêuticos disse hoje, na Cidade da Praia, que “muitos medicamentos” em Cabo Verde “são prescritos e distribuídos de forma inadequada”, contribuindo para “o agravamento da morbidade e da mortalidade”.
Bruno Santos fez esta declaraçõe na sua intervenção na abertura da acção de capacitação sobre a gestão de estoque de medicamentos e produtos de saúde, bem como em matéria da farmacovigilância de medicamentos ARV, TB e TB-MR, destinada a médicos, técnicos de farmácia e farmacêuticos, a decorrer no Hospital Agostinho Neto, de hoje a sexta-feira, 12.
“Infelizmente apesar dos progressos registados no domínio da promoção e uso racional do medicamento e na melhoria da acessibilidade aos medicamentos, ainda em Cabo Verde muitos medicamentos são prescritos, distribuídos ou vendidos de forma inadequada”, precisou.
Segundo Santos, isto faz com que “uma percentagem significativa” da população não tenha acesso aos medicamentos essenciais e que uma “boa percentagem” dos doentes não os tome correctamente.
Conforme referiu, a persistência destes factores tem contribuído para agravar a morbilidade e a mortalidade, principalmente devido a doenças crónicas, como diabetes, hipertensão, epilepsia, distúrbios mentais e HIV/SIDA, entre outras.
Todos estes factores, observou, contribuem, igualmente, para o “desperdício de recursos, prejudicando sobretudo os mais pobres”, além de “contribuir para condições favoráveis” para o aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, “com repercussões graves” do ponto de vista epidemiológico.
Segundo o director, o plano de supervisão às farmácias do País, realizado anualmente, dá conta que tem havido “imensas melhorias”, mas também têm identificado aspectos susceptíveis a melhorias e ajustes, para que haja melhoramento do sistema de aprovisionamento e estoque dos medicamentos dos programas de saúde pública, bem como garantir o uso racional do medicamento.
O Ministério de Saúde, assegurou Bruno Santos, assume o compromisso, espelhado na política nacional farmacêutica, de melhorar o acesso aos medicamentos essenciais, o que constitui, sustentou, para uma tarefa complexa, implicando diferentes sectores, desde público, privado, ONG e a sociedade civil.
“E depende de diversos factores, nomeadamente financiamento, regulação, os preços, os sistemas de distribuição e de despensas e uso de medicamentos”, finalizou.
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