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Covid-19. Ordem dos Médicos diz que “algo está a falhar” na gestão dos doentes no HAN
Sociedade

Covid-19. Ordem dos Médicos diz que “algo está a falhar” na gestão dos doentes no HAN

O bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde (OMC), Danielson Veiga, disse esta terça-feira, 28, que tem havido falhas na gestão dos doentes infectados com Covid-19 no hospital central da Praia, defendendo a necessidade de haver disciplina e organização.

Este responsável, que falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, manifestou preocupação com o Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, que alberga o “maior número” de médicos em Cabo Verde e que também recebe um “grande número” de utentes de saúde.

“Com a detecção de 4 casos de funcionários do hospital com Covid-19 positivo, levantou-se uma certa questão de preocupação em relação à classe que unida tem levantado questões de segurança em relação, não só aos funcionários de hospital em si, mas também dos utentes de saúde”, referiu.

A Ordem dos Médicos, segundo disse Danielson Veiga, até agora não está convencida que há um bom serviço naquele hospital central.

“Temos um plano de contingência que foi elaborado pelo Governo e esse plano de contingência é obrigatório ser usado e aplicado em quaisquer infraestruturas de saúde e também em restaurantes, hotéis e bares para que haja uma certa forma de prevenção”, lembrou Danielson Veiga, afirmando, entretanto, que não se tem reparado esse rigor no HAN.

Prosseguindo, este Bastonário disse que estando em epidemia, há sempre probabilidade de alguém ficar doente, aliás, reforçou que em qualquer país do mundo houve situações em que também o médico contraiu doença.

“Mas tendo em conta que temos um plano, se esse plano for cumprido na integra, teremos menos possibilidades de contágio e transmissão de doenças dentro do hospital”, defendeu Danielson Veiga, apontando que “há falhas”, muitas vezes na gestão, sobretudo, de doentes.

Isto porque, justifica, há um serviço onde se faz selecções de doentes com queixas respiratórias e doentes sem queixas respiratórias, em que todo aquele doente que tem queixas respiratórias é atendido à parte daqueles que não têm, mas, adverte, há situações em que um doente com queixas respiratórias entra num serviço onde não devia estar e vice versa.

O bastonário da Ordem dos Médicos falou ainda na movimentação de doentes, defendo que neste caso deverá haver uma notificação prévia aos técnicos que vão receber este paciente para a recolha de sangue, fazer Raio-X e outros exames.

“E isso é fundamental. Se não houver essa situação, todo mundo fica em risco. Já temos dois casos, não posso provar realmente se estes casos foram contraídos dentro ou fora do hospital (…) É bem possível que seja no seio familiar, mas, tendo em conta que é para o hospital que vão as pessoas com sintomas, é bem provável também que a infecção tenha sido contraída aí”, prosseguiu.

Ainda nas suas declarações, Danielson Veiga afirmou que a OMC tem de dar o benefício da dúvida e também a sua contribuição para a correcção daquilo acha que deve ser corrigido.

“Por agora, aquilo que se tem dito ,chegou lá equipamentos de protecção individual, temos máscaras, temos viseiras, e outros materiais praticamente e também temos ventiladores, sala de isolamento”, disse, sublinhando que a este nível montado”.

“Agora, o problema é pôr na prática”, acrescentou.

Para algo que funcione correctamente, defendeu, “tem que haver um sistema de supervisão”, porque, acrescentou, realmente um servente não pode estar a transportar um doente com suspeita de Covid-19 para o Raio-X ou o laboratório sem uma máscara.

“O alerta começou com a elaboração do plano de contingência que é uma cartilha que todos nós devemos ter em mãos para saber de cor como é que as coisas devem funcionar. Se temos especialistas que dominam bem a área, temos caso de pessoas formadas em vastas áreas desde a epidemiologia, medicina interna, pneumologia, que às vezes não fazem parte de um comité”, referiu.

Danielson Veiga disse ainda que dentro do HAN deveria haver um comité que trata apenas de epidemias e de controlo de infecção no hospital.

“Eu penso que realmente Cabo Verde, em termos de cobertura no conhecimento e gestão dessa epidemia, temos capacidades de fazer isso. Mas, para que haja um bom trabalho, tem de haver disciplina e organização. Se houver disciplina e organização temos chances de sair desta epidemia com sucesso”, finalizou.

Cabo Verde conta 113 casos de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (59), da Boa Vista (53) e de São Vicente (01).

Um destes casos, um turista inglês de 62 anos – o primeiro diagnosticado com a doença no país, em 19 de março -, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outros dois doentes já foram dados como recuperados.

Desde 18 de abril que está em vigor um segundo período de estado de emergência em Cabo Verde, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.

A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio.

Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados, a prorrogação do estado de emergência foi mais curta e terminou em 26 de abril.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 211 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.

Com Inforpress

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