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Capacidade de resposta da Cruz Vermelha à Covid-19 mostra-se eficiente
Publireportagem

Capacidade de resposta da Cruz Vermelha à Covid-19 mostra-se eficiente

A Covid-19 está a baixar consideravelmente no país e a Cruz Vermelha de Cabo Verde teve e continua a ter papel preponderante no árduo combate ao novo coronavírus, o Sars-Cov2. Ciente do seu papel, a Sociedade Nacional da Cruz Vermelha de Cabo Verde definiu como objetivo estratégico "Salvar Vidas em tempos de desastres e crises" e ancorado a essa premissa que os voluntariosos desta instituição humanitária se predisporam a estar na linha da frente, chegando aos lugares mais recônditos deste país, no combate a esta maldita doença, trabalhando em estreita articulação com as autoridades públicas e parceiros nacionais e internacionais na ajuda a travagem da propagação da Covid-19, tanto no apoio ao nível de saúde como na ajuda alimentar e nutricional às comunidades mais desfavorecidas.

O responsável do Departamento de Catástrofes e Emergências da Cruz Vermelha de Cabo Verde, José Simedo, adianta que desde o início da pandemia a CVCV definiu duas abordagens distintas para dar luta à Covid-19. A primeira foi a estratégia de supressão que teve como objetivo eliminar a sua transmissão.

"Uma abordagem que preconizava intervenções intensivas e sustentadas, com foco na identificação, isolamento e tratamento de todos os casos, e na identificação dos contactos em risco de exposição", explica Simedo, para depois acrescentar que essas medidas de saúde pública, de forte impacto social e económico, permanecerão ativos "enquanto o vírus estiver circulando ou que uma vacina esteja disponível".

O segundo ângulo de abordagem, segundo este responsável, é o da "mitigação, que visa contribuir para retardar, mas não impedir a propagação do vírus, com o propósito de reduzir a demanda nos sistemas de saúde e proteger as pessoas mais vulneráveis​, como os idosos e pessoas com outras morbidades".

Tendo em conta que durante toda a campanha a perturbação nos sistemas de saúde, sociais e económicos têm sido profundas, as estratégias eficientes de mitigação resultaram em impactos significativos no número de mortes e no sistema de saúde. "Felizmente que a pandemia tende realmente a diminuir pois, a sobrecarga os sistemas de saúde num país com algumas limitações em termos de cuidados de saúde, muitas vezes, desembocam em mais casos do que os que podem ser adequadamente tratados, resultando em muitas mortes evitáveis".

Antes da implementação do plano de ação, o Departamento de Catástrofes e Emergências da CVCV procurou adaptar programas comunitários e clínicos, avaliar os papéis auxiliares e capacidades institucionais da Sociedade Nacional da CVCV para a saúde pública, organizar o estoque de Equipamentos de Proteção Individual e, principalmente, adequar comportamentos para reduzir a exposição à doença. "A exposição reduzida ao contágio será sempre mais segura do que a proteção aumentada", defende o nosso interlocutor, garantindo que as principais ações desenvolvidas e implementadas para apoiar de forma assertiva à população, é ter a confiança no sistema de saúde, nas medidas de resposta levadas a cabo pelas autoridades e a realização de abordagens eficazes a nível das comunidades através da comunicação de riscos, mudança de comportamento e promoção da higiene.

José Simedo, responsável do Departamento de Catástrofes e Emergências da Cruz Vermelha de Cabo Verde

Para além disso, segundo José Simedo, a Cruz Vermelha de Cabo Verde vem apoiando as comunidades de Santo Antão a Brava em assegurarem os cuidados clínicos e pré-hospitalares para os infetados de Covid-19, como também agir para que o acesso e a disponibilidade dos serviços essenciais de saúde existentes estejam garantidos a toda a população. Na mesma linha e com a mesma eficácia, a CVCV intensificou a comunicação de riscos, o envolvimento da comunidade, criou programas direcionados de saúde comunitária de Primeiros Socorros Psicossociais, de Higiene e Saneamento adaptados às exigência de resposta à pandemia, fez triagem, rastreamento de contactos, quarentena e outros serviços de apoio às atividades do Ministério da Saúde no intuito de suprimir a transmissão, tendo sempre em atenção a vigilância comunitária.

José Simedo fez questão em enaltecer o apoio às atividades de assistência domiciliar e de quarentena disponibilizado aos pacientes com Covid, assim como o alargamento das atividades de atendimento primário à saúde, incluindo doenças não transmissíveis, serviços maternos e saúde da infância, prestados por esta instituição humanitária como forma de assegurar toda a prestação de serviços clínicos e pré-hospitalar para facilitar o tratamento deste vírus.

Apoio nutricional para melhorar a dieta alimentar dos mais desprotegidos

De acordo com o nosso interlocutor, a par dos cuidados de saúde e de sensibilização, a Cruz Vermelha de Cabo Verde vem implementando um importante Programa de Segurança Alimentar e Nutricional, a fim de responder às necessidades alimentares e nutricionais ao mais vulneráveis no país, para atenuar os efeitos devastadores da crise provocada pelo Covid-19, sem que ninguém ficasse de fora. Isto com o objetivo de “fortalecer a resiliência das famílias mais desfavorecidas afetadas pela seca 2016/2019 e perda dos meios de subsistência causadas pelo novo Coronavírus e, com isso, minimizar o impacto da pandemia a nível alimentar e nutricional junto das famílias mais necessitadas, numa primeira fase, das ilhas de Santiago, Santo Antão, Fogo e Maio, num total de 13 municípios, 15 mil famílias, durante 7 meses.

Este projeto conta com o financiamento da embaixada do Canadá, no Senegal, da Cruz Vermelha de Cabo Verde, do Governo, da MOAVE e de, possivelmente, outros parceiros que estão sendo utilizados na confeção e distribuição de cestas básicas e realização de inquérito para conhecer o nível de satisfação dos beneficiários contemplados pelo Projeto.

Distribuindo cestas básicas às famílias mais ncessitadas

A escolha dos municípios e das famílias contempladas nesta primeira fase está relacionada com as campanhas agrícolas deficitárias desde 2017 em todo o arquipélago, o surgimento da pandemia Covid-19 e as consequências por elas provocadas no seio das famílias, alterando significativamente a situação alimentar e nutricional das populações mais frágeis.

Informações recolhidas do Quadro Harmonizado realizado em março deste ano, altura em que se projetou o programa Santa Cruz, São Domingos, São Salvador do Mundo, Ribeira Grande de Santiago e São Lourenço dos Órgãos, todos na ilha de Santiago foram os municípios que se mostraram mais propensos ao agravamento da crise, por serem municípios proeminentemente agrícolas e assolados por largos períodos de seca.

Porém, neste momento, os municípios da Ribeira Grande, Paul e Porto Novo em Santo Antão, Tarrafal, Santa Catarina e Calheta de São Miguel na ilha de Santiago e Santa Catarina na Ilha do Fogo e a ilha do Maio, estão sob pressão, facultando à Cruz Vermelha dados credíveis que demonstram a degradação das condições sociais, confirmando assim as informações contidas no Quadro Harmonizado, que reforçam ainda mais a escolha desses municípios.

A coordenação executiva deste projeto nutricional está sob a responsabilidade de José Simedo, tendo ainda os voluntários José Maria Correia, como coordenador logístico, Ângela Vaz, coordenadora operacional, Eduardo Ramos, na qualidade de coordenador do projeto. Integram ainda a coordenação executiva do plano de ajuda alimentar em curso, os Presidentes dos Conselhos Locais onde o projeto está a ser executado, os membros de equipa de resposta às catástrofes nas diferentes ilhas, os parceiros locais e as Câmaras Municipais e serviços desconcentrados do Estado no município.

Neste programa foram identificados como público-alvo indivíduos em situação de extrema vulnerabilidade, crianças, idosos, grávidas e mães solteiras, doentes crónicos, deficientes com problemas de saúde e desnutrição residentes em áreas urbanas, mas com maior acuidade nas áreas rurais.

Ainda, de acordo com o responsável pelo Departamento de Catástrofes, Emergências e Socorrismo é também dado uma atenção especial as famílias agrícolas com maior incidência nas chefiadas por mulheres, aos criadores dos animais ruminantes, aos migrantes estrangeiros em situações de pobreza, aos grupos marginalizados e portadores de HIV e toxicodependentes, aos órfãos, ao grupo LGBT e pessoas deslocadas da ilha de origem devido a falta de transporte ou meios financeiros.

Com a pandemia da Covid-19 ainda a deambular pelas ilhas, embora com reconhecida quebra na sua propagação, a Cruz Vermelha de Cabo Verde vai continuar a trabalhar para, como sempre, continuar a atender as necessidades humanitárias e sanitárias, e estar presente em todas as ribeiras e cutelos de Cabo Verde.

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Redação