Nessa minha última passagem por Cabo Verde, deparei-me com uma situação que eu já tinha constatado nas minhas muitas deslocações durante 1 ano civil que costumo fazer!
Jovens desempregados, jovens recém-formados sem enquadramento laboral, abandono escolar, principalmente na fase de secundária, agregado familiar sem condições dignas de auto-sustento (Liceu), etc etc
Antes de aprofundar sobre o assunto, esclareço que não estou a retratar um problema político e não estou a culpar este ou anterior governo!
Todavia, poderei culpar os próximos governos se assim entender que não se fez nada a respeito!
Ora, como sabemos Cabo Verde é um país pequeno!
A actividade laboral de um cidadão no nosso país compreende em média um período de 35 anos, dando-se lugar a um outro cidadão, após a sua mais do que justa e merecida reforma!
Todos os anos temos novos formandos, candidatos a eventuais cargos públicos e privados!
Para estes exercerem uma actividade laboral ou serem enquadrados é preciso existir vagas, espaços para tal!
O que hoje torna-se uma tarefa muito difícil para não dizer impossível, pois é sabido em circunstâncias normais, salvo algum impedimento (despedimento, incapacitação, morte) um trabalhador cabo-verdiano em regra cumpre o seu tempo total de prestação de serviço antes de se reformar!
E isso significa que todos os formandos e os que ainda irão se formar no futuro as perspectivas de os mesmos serem enquadrados no mercado trabalho diminui cada ano que passa!
E o que fazer?
Antes, queria também mencionar um outro problema social!
Constatei também que muitos jovens, tanto homens e mulheres, estão a procriar cada vez em maior número! Principalmente os que não têm fonte de rendimento fixo ou possuem alguma formação!
A criminalidade está a aumentar! Mas a razão que está a levar muitos a optarem por esse caminho é escassez laboral e fontes de rendimento no seio da família! É verdade, muitos estão a assaltar por necessidade! Necessidade de se alimentarem, necessidade de sustentarem os seus filhos etc etc
Eu não sou sociólogo! Mas a minha formação e experiência no ramo de justiça coloca-me perante esses dados estatísticos e que infelizmente são verídicos! Além de testemunhar essa forma de viver de alguns que até são conhecidos meus!
Há que começar a adoptar medidas para prevenir uma catástrofe no futuro!
Ora, será que agora que irão ser criadas condições para Transplante Renal, não é o caso de começar a pensar noutras formas de intervenção para minimizar ou mesmo salvar o que claramente irá ser um Deus nos acuda em médio-longo prazo?
Não é preciso deixar os problemas aparecerem e para depois tentar desesperadamente buscar soluções ou fazer milagres! É preciso antecipá-los, preveni-los!
É hora de se começar a pensar a criar condições de controlar o crescimento demográfico em Cabo Verde, principalmente os que de forma irresponsável sem terem condições para si mesmos, estão a procriar! Há jovens desempregadas com 2 ou 3 filhos menores, às vezes com pouca diferença de idade entre os filhos! Muitas vezes de pais diferentes!
Para quê? Para ser mais um candidato a ficar desempregado, mesmo se tiver sorte, juízo e se formar no futuro!? Pois, lembrem-se o nosso país é pequeno e o enquadramento laboral está estagnado! Irá ser preciso esperar 35 anos para um reformado dar lugar a uma outra pessoa para poder trabalhar?
Alguns países asiáticos, que são bastante ricos, legislaram nesse sentido! Imagine, eles que têm melhores condições!
É preciso inicialmente a dar opção de quem voluntariamente quiser limitar o seu agregado familiar, ou de quem não tiver condições sequer de sustentar uma criança! Não falemos de métodos contraceptivos! Pois sabemos que existe! Mas nenhum deles têm 100% de eficácia! Falemos de políticas de saúde onde inicialmente serão dadas opções de quem não quiser ou não puder procriar!
O Estado tem de proteger o Estado! E o Estado somos todos nós! Fazendo isso está a proteger muita, mas muita coisa mesmo!
Repito: não é preciso deixar os problemas acontecerem para depois ir correr atrás de soluções e milagres! É preciso antecipá-los, preveni-los!
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