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“Tubarões Azuis”, nosso orgulho, sempre!
Ponto de Vista

“Tubarões Azuis”, nosso orgulho, sempre!

Toda a gente reconhece o mérito e a beleza do jogo desenvolvido pela Seleção, porventura à altura do futebol praticado pelas mais conceituadas equipas apuradas para a fase final do CAN 2022. Mas, seria fácil, a Seleção de um país da nossa dimensão, fazer melhor? Soma-se a essa circunstância a escassez de recursos. Hoje em dia, no mundo do futebol, o amor à camisola é suficiente ou é necessário investir também financeiramente? Como é natural, o governo tem as suas prioridades. ...

Escrevo este apontamento quando está ainda a decorrer o Campeonato das Nações Africanas ou Copa Africana das Nações – CAN 2022. Cabo Verde não foi além dos oitavos de final, mas tal, facto, não beliscou minimamente o mérito da nossa participação na Copa. Foi mais um momento alto de glória e de afirmação da nossa identidade, da grandeza do nosso povo. Um momento alto da projeção do país que, na sequência do brilhante apuramento para a fase final desta grande prova do futebol mundial, nos fez andar nas bocas do mundo.

Há já uns anos, numa entrevista que fiz ao representante de uma conhecida Instituição, destinada a um trabalho académico, lembro-me que o questionei sobre a consciência da pertença a um povo por parte da população de Cabo Verde. Respondeu-me com um exemplo: é fortíssima, veja-se a forma como o povo apoia e vibra com a seleção nacional. Assim é, de facto… cada jogo, sobretudo quando se trata de uma grande competição, é um momento de euforia e de comunhão nacional porque tanto aqueles que vivem em qualquer das ilhas, como os que fazem parte da numerosa diáspora, estejam onde estiverem, vibram em uníssono em torno dos nossos “Tubarões Azuis”, quando ganham e quando perdem. Cada golo marcado é motivo de imenso orgulho e um sinal de que somos capazes e podemos ir muito mais além… o espírito do cabo-verdiano é apaixonado e revela-se na forma como motiva, fala e apoia a sua Seleção.

Reconheço que não sou a pessoa mais indicada para falar da performance do jogo, mas fui contagiado pelo ambiente e pela alegria envolvente. Cheguei a acreditar que iríamos até à final e dela sairíamos campeões. Ainda não foi desta vez, mas esteve quase!!!

No dia anterior ao jogo com o Senegal, passeava nos arredores da casa onde vivo, em Londres, quando um patrício que casualmente encontrei, logo fez conversa sobre o jogo do dia seguinte…  vendo que era mais entendido que eu – não mais entusiasta, claro – perguntei-lhe qual o seu prognóstico para o desfecho do jogo. Manifestou-se convicto de que os “Tubarões Azuis” levariam a melhor, já que o amor à camisola dos nossos “heróis” supria a falta de investimento feito na seleção. Afinal, o patrício falhou no resultado, mas ficou bem comprovado a dedicação dos jogadores.

Toda a gente reconhece o mérito e a beleza do jogo desenvolvido pela Seleção, porventura à altura do futebol praticado pelas mais conceituadas equipas apuradas para a fase final do CAN 2022. Mas, seria fácil, a Seleção de um país da nossa dimensão, fazer melhor? Soma-se a essa circunstância a escassez de recursos. Hoje em dia, no mundo do futebol, o amor à camisola é suficiente ou é necessário investir também financeiramente? Como é natural, o governo tem as suas prioridades.  ...

Para já, saudemos os “Tubarões Azuis” pela sua participação na Copa. O caminho é para a frente… desta vez não fomos campeões, é certo. Porém, é preciso ver que Cabo Verde jogou contra a forte seleção do Senegal, tendo havido também alguns contratempos antes e durante o jogo, que não vale a pena aqui mencionar, mas que prejudicaram a verdade desportiva do resultado, facto que a generalidade de credenciados observadores reconhece. Estas peripécias também servem para ganharmos experiência. Para a próxima vez será ainda melhor!

Para já estivemos até aos oitavos de final numa grande competição do futebol internacional. Hoje, também no mundo do futebol, Cabo Verde é conhecido e reconhecido. A Seleção e nós todos – é Cabo Verde inteiro que a Seleção representa – só temos de nos sentir orgulhosos.

Parabéns, “Tubarões Azuis”! Sois nosso orgulho, sempre!

 

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