A realidade do município é espelhada em números nos dados estatísticos divulgados pelo INE (Estatísticas do Mercado de Trabalho, IMC 2017) e é completamente avesso daquilo que o atual Edil faz crer e propala na comunicação social. Na verdade, os dados demostram a degradação dos indicadores socioeconómicos, facto que contraria a meta estabelecida e os discursos de presidente Herménio Fernandes.
Os números são claros e a verdade aqui é inequívoca – São Miguel vai mal, a degradação social e económica é real, e os discursos de Herménio Fernandes não passam de palavras lançadas ao vento. Os dados do INE dizem que São Miguel é o 3º município a registar o maior aumento do desemprego (em 4,6%) em Cabo Verde, a seguir aos municípios da Ilha Brava e de São Domingos. Isto significa que São Miguel está a andar em sentido inverso daquele que o país está a seguir, pois o desemprego diminui em Cabo Verde, porém, aumenta no nosso município.
Está, pois, claro que o nosso concelho anda de mal a pior. Os dados mostram um acentuado aumento da taxa de inatividade. Esta, que em 2016 era de 43,8%, passou para 53,3%, ou seja, aumentou 9,5 pontos percentuais, o que espelha uma situação caótica, num município com fraca dinâmica económica.
Se no meio rural houve uma diminuição da taxa de subemprego – de 33,1% em 2016, passou para 28,8% em 2017 – em São Miguel aconteceu precisamente o contrário, ou seja, aqui registou-se um aumento da taxa de subemprego em 6,1 pontos percentuais, tendo partido de 45,6% para 51,7%.
Nada a estranhar. Infelizmente, São Miguel é conhecido como especialista neste tipo de emprego (que tem por sobrenome txapú na mon), com salário abaixo do mínimo nacional, condições de higiene, saúde e segurança lastimáveis, e onde os trabalhadores nem sequer são inscritos na previdência social (INPS). Um retrato típico de “trabalho escravo”, em que o presidente da Câmara Municipal, Herménio Fernandes, numa atitude de puro escárnio, não se coíbe de aparecer na comunicação social gabando-se de ter conseguido mais de mil e trezentos postos de trabalho. Haja saco para aturar tanta hipocrisia e falta de carácter!
É uma situação dramática, de claro retrocesso e inversão da marcha, requerendo uma mudança de estratégia, visão, e sobretudo, de posições e atitudes, porque o modelo de desenvolvimento adotado e imprimido pelo atual líder local não se adapta e nem se enquadra à realidade do município. A prova disso são os resultados oficiais ora tornados públicos pelo INE. Basta vê-los.
Sendo assim, apelamos ao governo no sentido de dispensar uma atenção especial a São Miguel, tendo em conta os evidentes sinais da degradação dos indicadores sociais e económicos, para acudir urgentemente os jovens e as famílias que tanto labutam, mas, que por incúria do poder local instituído e da dinâmica política, ainda sofrem na pele a realidade da pobreza.
Porque sabemos que apesar da realidade atual, que não é nada animador, São Miguel é um município rural com grandes potencialidades em vários domínios, porém falta aos seus atores e decisores políticos a humildade, ideias e visão estratégica para descortiná-las, a fim de criar rendimentos as famílias, com emprego digno e duradoura e, por conseguinte, debelar a pobreza que ainda fustiga cerca de 40% dos habitantes.
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