Reformados em cargos políticos ou trabalhando para o Estado
Ponto de Vista

Reformados em cargos políticos ou trabalhando para o Estado

Francisco Correia, mais conhecido por “Dotor”, um reformado das Forças Armadas, que aufere uma reforma aproximada de 104.000$00 e que acumula a reforma com salário de Vereador, ocupando um lugar que poderia ser preenchido por um jovem recém-formado ou da enorme lista de desempregados. Esta ideologia é apenas mais uma prova de que a prioridade e visão voltada para os jovens e diminuição de desemprego, não passa de demagogia. Aos jovens, reservam os estágios profissionais, que pela forma como são utilizados, só servem para diminuir a taxa de desemprego. Ao contrário do que proclamam, reduzidas são as vezes que estes estágios efetivamente se convertem em postos de trabalho.

Caracterizado pela escassez de recursos naturais e agravada por longos e frequentes períodos de seca, Cabo Verde, também vem sofrendo em função de más políticas e decisões por parte dos poderes centrais e locais. Sendo um país com uma população maioritariamente constituída por jovens, é inevitável os resultados desastrosos naquela camada, que é a mais afetada pelo desemprego e subemprego.

Não obstante, há uma política de incitação à aquisição de empréstimos para formação superior, sem se preocupar com o posterior enquadramento destes jovens que, focados na edificação das carreiras almejadas e darem o melhor possível e contribuir para o bem da comunidade em geral, acabam por contrair dividas que, num toque de magica, passam de meio para alcançar o desejado objetivo a calvário.

Ao regressar ao país ou à ilha amada, deparam-se com uma realidade completamente diferente e desanimadora. Inseridos num campo de batalhas, o mercado de trabalho antes descrito como um mar de oportunidades, transforma-se numa selva, onde além da concorrência natural dos mercados, encontrarão concorrentes que em hipótese alguma deveriam enfrentar.

Trata-se de pessoas reformadas, com aposentadorias dignas para não se dizer avultadas, que sem nenhum outro atributo especial que não seja o leque de contactos, roubam a oportunidade de inserção de um jovem capacitado no mercado. Não dignificam quem os faz e nem quem os aceita.

Tais cargos podem perfeitamente ser desempenhados por jovens, que sim, poderiam aprender com a experiência de profissionais maduros, mas, ao mesmo tempo, aplicando novos conhecimentos adquiridos nos cursos superiores, tornando-se uma mais-valia para a instituição empregadora e para a sociedade em geral. É frustrante e revoltante para um jovem que regressa à ilha do Sal, cheio de energia e vontade de trabalhar para o bem da sua comunidade, ver fechadas as portas de instituições que dizem valorizar a inserção da juventude na sociedade trabalhadora. Neste retrato, o sentimento de que, mais valia ter ficado onde se formou e contribuir para o crescimento económico de outra ilha ou continente, tornasse absolutamente compreensível.

É preciso ver nos jovens uma grande fonte de inovação e desenvolvimento para a ilha do Sal e eliminar o hábito de oferecer cargos aos reformados que já fizeram a sua parte na sociedade. Evidentemente, esta prática não desmerecerá nenhum contributo que os seniores possam dar. A ideia é sim aproveitar todo o know-how dos mais experientes, mas, sem nunca invalidar, menosprezar o contributo daqueles que, além de cheios de energia, estão no auge da disposição e vontade de fazer. Desta forma, sem beneficiar alguns em detrimento da maioria, Sal poderá aproveitar as suas potencialidades e quiçá se tornar num dos maiores berços de inovação de Cabo Verde e da África Ocidental, através do aproveitamento da força jovem, que representa um dos maiores recursos da comunidade Salense.

Não podemos aceitar casos destes na nossa sociedade.

Francisco Correia, mais conhecido por “Dotor” (foto), um reformado das Forças Armadas, que aufere uma reforma aproximada de 104.000$00 e que acumula a reforma com salário de Vereador, ocupando um lugar que poderia ser preenchido por um jovem recém-formado ou da enorme lista de desempregados.  Esta ideologia é apenas mais uma prova de que a prioridade e visão voltada para os jovens e diminuição de desemprego, não passa de demagogia.

Aos jovens, reservam os estágios profissionais, que pela forma como são utilizados, só servem para diminuir a taxa de desemprego. Ao contrário do que proclamam, reduzidas são as vezes que estes estágios efetivamente se convertem em postos de trabalho.

Mas, o mais preocupante é a falência de caráter existente na nossa sociedade, quando podemos testemunhar, jovens licenciados e desempregados a apoiar essas mesmas pessoas que estão ocupando cargos e acumulando salários com reformas. Com a esperança de conseguir um emprego, por causa das suas escolhas politicas e não pelas suas capacidades.

Este “status quo” é alimentado principalmente pelos partidos que vem governando Cabo Verde.

 

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