O Sacrifício de Amar e Servir Cabo Verde: Um Chamado à Juventude
Ponto de Vista

O Sacrifício de Amar e Servir Cabo Verde: Um Chamado à Juventude

Cabo Verde tem tudo para ser uma grande nação. Temos talentos brilhantes em todas as áreas da cultura ao desporto, da ciência à educação. No entanto, para alcançar este potencial, é essencial uma mudança de mentalidade. Precisamos continuar a lutar com foco, determinação e sacrifício. Como jovem, coloco-me à disposição do meu país e dos meus conterrâneos. Sei que posso dar mais e estou comprometido a dar o meu máximo, todos os dias. Não tenho medo de represálias, de críticas ou de obstáculos. O que me move é o amor por Cabo Verde e a certeza de que, juntos, podemos transformar a nossa nação no número um da África.

Amar um país é estar disposto a sacrificar, a renunciar e a lutar pelo bem coletivo, mesmo que isso signifique carregar o peso da incompreensão ou pagar o preço da exclusão. Como jovem cabo-verdiano, esta tem sido a minha missão colocar o meu sonho e a minha vida a serviço de Cabo Verde e do nosso povo.

Em 2017, enfrentei um dos desafios mais marcantes da minha trajetória. Como tantos outros jovens, candidatei-me a estudar em Portugal. Porém, na altura, o processo de obtenção de visto para estudantes cabo-verdianos era um autêntico pesadelo. A maioria esmagadora dos pedidos era recusada, e somente os “filhos do papá e da mamã” conseguiam passar. Em meio a lágrimas e frustrações, vi colegas desmoronarem diante de um sistema que parecia inalcançável.

Foi nesse momento que percebi que a revolução nunca é feita com lágrimas. Decidi agir. Juntamente com outros colegas, organizamos uma manifestação, mas antes disso, sabíamos que era essencial dar visibilidade à nossa causa. Fomos até à RTC para denunciar a situação e anunciar o nosso protesto. No entanto, de um universo de 100 estudantes que se comprometeram a marchar da Embaixada de Portugal à RTC, apenas 50 iniciaram o percurso e, destes, apenas 20 chegaram. Quando chegou o momento de entrar e dar a entrevista, restaram seis. Fui um dos que decidiram dar a cara e falar, plenamente consciente das consequências.

Fui rejeitado. Paguei o preço por essa decisão, mas não me arrependo. Essa atitude foi o catalisador para a normalização dos vistos para estudantes cabo-verdianos. Muitos que antes foram recusados obtiveram os seus vistos no ano seguinte. Foi um pequeno sacrifício pessoal em nome de um benefício coletivo, e isso, para mim, é o verdadeiro sentido de amar e servir Cabo Verde.

Este episódio é apenas um exemplo de tantos outros momentos em que decidi colocar o bem coletivo acima das minhas aspirações pessoais. Acredito profundamente no potencial da juventude cabo-verdiana. Somos filhos de uma nação jovem, libertada por jovens como Amílcar Cabral, Aristides Pereira e Pedro Pires, que sonharam e lutaram pela liberdade do nosso povo. O contexto hoje é diferente, os desafios são outros, mas o espírito deve ser o mesmo: acreditar, sonhar e agir.

Cabo Verde tem tudo para ser uma grande nação. Temos talentos brilhantes em todas as áreas da cultura ao desporto, da ciência à educação. No entanto, para alcançar este potencial, é essencial uma mudança de mentalidade. Precisamos continuar a lutar com foco, determinação e sacrifício.

Como jovem, coloco-me à disposição do meu país e dos meus conterrâneos. Sei que posso dar mais e estou comprometido a dar o meu máximo, todos os dias. Não tenho medo de represálias, de críticas ou de obstáculos. O que me move é o amor por Cabo Verde e a certeza de que, juntos, podemos transformar a nossa nação no número um da África.

Este é um chamado à juventude cabo-verdiana: não esperemos que outros façam por nós. A liberdade que hoje desfrutamos foi conquistada por jovens como nós. Agora é a nossa vez de construir um futuro próspero, com coragem, sacrifício e amor incondicional pelo nosso povo.

Que cada um de nós, à sua maneira, seja uma peça fundamental nesta construção. Porque Cabo Verde merece. E nós, enquanto filhos desta terra, temos a responsabilidade de elevar a nossa nação a alturas jamais imaginadas.

Por um Cabo Verde melhor, sempre

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