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O REI VAI NU NAS FORÇAS ARMADAS CABOVERDIANAS
Ponto de Vista

O REI VAI NU NAS FORÇAS ARMADAS CABOVERDIANAS

Assistimos sistematicamente a exercícios militares, mas não entendemos para que servem. Penso que a única utilidade que têm é calar a boca de todos os que pretendem um futuro melhor para as nossas FA. De uma vez por todas, é necessário que o poder politico e, principalmente, a ministra da Defesa entendam que é urgente reformular a estratégia existente para as FA.

O incêndio, há cerca de um mês, no Parque Nacional da Serra Malagueta, que provocou a morte de oito militares que seguiam num camião para ajudar nas operações de combate «ao fogo» e a morte de 11 pessoas, em 2016, no destacamento militar de Monte Tchota, a 45 quilómetros da capital de Cabo Verde, são acontecimentos infelizes que continuam a levantar muitas questões e são demonstrativas das fragilidades existentes nas Forças Armadas Cabo-verdianas.

O incêndio na Serra da Malagueta só veio demonstrar que, afinal, «o rei vai nu nas Forças Armadas Cabo-verdianas».

Já em 2016, o capitão na reforma, Daniel Almeida, colocava o «dedo na ferida» e, como a criança de “O Rei vai nu”, de Hans Christian Andersen, apontava e «gritava» que a hierarquia militar tinha optado pela politica do «deixa andar» nas Forças Armadas, lembrando que, “desde 1991, as Forças Armadas começaram a perder o rigor do tempo do partido único, depois que dirigentes do MpD questionaram na altura o próprio exército”.

Nos dias de hoje, os governantes e a hierarquia tentam arranjar «bodes expiatórios» para as fragilidades existentes nas nossas FA. Alguns tentam culpar o Serviço Militar Obrigatório (SMO).

Mas, na minha perspetiva, não é o SMO a causa de todas os problemas que temos nas FACV. Os soldados não são responsáveis por nada, a hierarquia é a única responsável por tudo o que acontece ou deixa de acontecer nas FA.

O problema de fundo, no meu entender, está na formação dos quadros militares. Infelizmente, as sucessivas chefias das FACV, são mais civis que militares. Temos que acabar, e essa é uma obrigação dos partidos políticos, com os Generais sem habilitações legais para desempenharem a função. Ou seja, «exigir » o curso de Estado Maior Conjunto  e o curso promoção a General.

Outro problema das nossas Forças Armadas prende-se com o equipamento e armamento que estão obsoletos, por falta Manutenção e, também, por manifesta falta de cultura militar.

Todas estas situações levam-nos a duvidar e a pensar que a senhora ministra não  tem nenhuma política para as FACV.

O incendio da Serra da Malagueta só veio pôr a nu as fragilidades das Forças Armadas. Não temos veículos para transportar os militares em segurança. A Guarda Costeira tem umas unidades fictícias, sem aviões e barcos patrulhas para efeitos, porque estão todos inoperacionais.

Assistimos sistematicamente a exercícios militares, mas não entendemos para que servem. Penso que a única utilidade que têm é calar a boca de todos os que pretendem um futuro melhor para as nossas FA.

De uma vez por todas, é necessário que o poder politico e, principalmente, a ministra da Defesa entendam que é urgente reformular a estratégia existente para as FA.

A Ministra de Estado, da Defesa Nacional e Ministra da Coesão Territorial da República de Cabo Verde, Dra. Janine Tatiana Santos Lélis, tem que entender que os sucessivos problemas de criminalidade originada pelos ex-militares, com conhecimentos operacionais especiais.

É necessário criar incentivos para que esses militares, quando passam à disponibilidade, não enveredem pelo mundo do crime, aderindo ou criando grupos criminalidade organizada para satisfazer as necessidades... O caso de Monte Tchota é paradigmático

António Santo 18.04.2023

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