Quando ouvi essa frase, no escritório de um Supermercado no centro da pequena cidade do interior de São Paulo onde fui criado, proferida pelo meu patrão na época o saudoso JR Abrão, uma nova forma de agir e reagir passou a fazer parte do meu sistema de vida. Naquele momento ficou claro: quando alguém falar mal de outrem, sendo o alvo um amigo, euzinho não poderia ficar calado, pois isso sim seria ainda mais grave! E desde então, passados 35 anos, continuo a me pautar por essa máxima.
Como de costume, quando quero saber algo que acontece em Cabo Verde, venho a esse periódico online, e não foi diferente quando ouvi do desmoronamento de terra na Ilha da Brava. Entretanto, o que me chamou a atenção foi uma manchete relacionada as Forças Armadas de Cabo Verde. Não tenho “procuração” das FA para defender a mesma e nem autonomia jurídica para discorrer do assunto, mas posso sim atestar a veracidade e capacidade do trabalho que é feito nas 3 regiões militares e suas unidades, das quais já estive presencialmente em todas com exceção de uma localizada em São Vicente e de uma unidade que recentemente tem sido estabelecida na Ilha da Brava.
Nomeadamente mencionado no artigo, inclusive colocando em causa o excelente trabalho realizado por ele nos 6 anos que esteve à frente das FA, fiquei ainda mais chocado quando o motivo em causa era o soldo aferido pelo ex-CEMFA. Como acompanhei praticamente “in loco” o excelente trabalho desenvolvido, desde a padronização e confecção com qualidade dos uniformes militares, até a finalização do merecido estatuto, passando pelas refeições oferecidas nos comandos, sei que as palavras ali escritas são levianas sem qualquer fundamento. Aliás, o que não deixa de ser menos cruel, quem o faz é consciente que um membro das Forças Armadas não irá buscar espaço na Comunicação Social para se defender de tais ataques, ouvirá calado os acintes sabedor que é da verdade dos fatos e realidade, onde o seu compromisso de servir à Pátria muitas vezes colocou em segundo plano os desejos e vontade pessoal. Sim, a famigerada pandemia foi um exemplo típico disso, quando aquartelados os militares nem contato pessoal com seus familiares tinham. Me recordo de um episódio quando um deles, me contava de quanto tempo não via os filhos, mas que estava alegre que ao passar pela sua residência em patrulha pelas ruas da cidade, pode avistar do alto da janela as suas duas crianças que acenavam entusiasticamente ao pai que por muitas semanas não viam... Episódios como esse e tantos outros não são contados por toda parte pois nem sempre existem ouvidos que querem ouvir.
Obviamente é e sempre será mais fácil criticar do que fazer. E das críticas desvairadas, onde costuma-se ouvir o “por que temos que ter as Forças Armadas?” me deparo com a realidade de que ter tal instituição é uma garantia de soberania e prevenção a anarquia, tendência natural do ser humano.
Como costumo dizer, as Forças Armadas é como remédio que precisamos ter em casa, mas não é para ser usado a não ser em caso de emergência. A gente só dá valor aos medicamentos quando precisamos e não temos os mesmos em casa! É imperativo ter as Forças Armadas, como prevenção e auxílio em qualquer situação.
Como frequentador assíduo dos quartéis, colaborador no que for possível desde o dia 25 de Julho de 2016 quando numa unidade militar pude oferecer uma ajuda a quem necessitava, sei que nesses 56 anos de idade, celebrados nesse mês de Janeiro, as Forças Armadas tem dado um contributo único ao crescimento e desenvolvimento de Cabo Verde, solidificando a posição desse país como Nação Livre e Independente. Por isso, por questão de lealdade, honestidade, sinceridade e verdade, não posso “ouvir” calado o que foi mencionado ainda que possa ser eu mesmo criticado. Sou testemunha ocular do bom trabalho que é realizado do “outro lado”, do progresso que tem sido nos últimos anos alcançado e pessoalmente, constantemente, não cesso de pedir as bênçãos e proteção de DEUS pelos Comandantes e todos os comandados.
Reverendo Luiz Roberto Nunes
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