O arquivamento do “processo Zézito Dente D’Oru” não é sinónimo de justiça, mesmo que fosse definitivamente encerrado. Eu nasci para defender as causas justas… Por isso escolhi polícia, de princípio ao fim…
Eu não me consigo calar, perante a iniquidade, perante a falta de transparência, porque mexe com os meus mais profundos sentidos de justiça… O Zézito Dente D’Oru teria que ser um “terrorista” temível, muito perigoso, para que fosse liquidado da forma como foi… A desproporcionalidade foi de tal ordem, que só ao diabo se consegue explicar os meandros da legítima defesa, na fogueira do inferno, no juízo final… Depois de morto esse “terrorista”, para disfarçar os erros de palmatórias, nem provas dos noves se conseguiu tirar corretamente, depois de oito anos de investigação…
Com cábulas todos os alunos são aprovados, basta apresentarem um relatório bem condimentado… Isso me faz lembrar, tristemente, do cenário que se quiz montar com a colocação do Jamaica na cena do crime que ceifou a vida do saudoso Tuto… Só que os inventores do Jamaica não foram tão habilidosos na montagem do lego, de modo que foram logo travados por gente honesta… Por sinal, quem matou o Tuto, foi um agente, um seu colega, e não o pretendido Jamaica que fora apresentado como “bode expiatório”… Isso me faz lembrar também do caso que envolveu o agente Mano, condenado por homicídio… Naquele caso não se considerou a legítima defesa, até que houvesse um recurso de soltura… Uma esquadra inteira foi processada, iniquamente, causando danos psicológicos às pessoas que nem de perto nem de longe estiveram perto desse caso…
Cabo Verde, nossa terra, nossa pátria amada, não é Arábia Saudita nem Irão… Por mais autoritarismo circunstancial, por mais iniquidade que possa existir, eu acredito que Cabo Verde é um Estado de Direito… Alguém pode errar nas provas dos noves e ser corrigido noutras instâncias do exame… Por isso, o caso Zézito Dente D’Oru continuará aberto… Recurso, até ser devidamente esclarecido, considerando todas as provas que possam existir… Eu e muitas outras pessoas isentas, provavelmente, não ficamos convenientemente esclarecidos… Se é dessa forma que se garante a segurança dos magistrados e doutras entidades, no dia que aparecerem terroristas à sério, será um “acadirrê”, um “deus nos acuda”… Embora sendo eu um crítico, em busca da verdade, evito detalhes… Mas, a insegurança me preocupa, porque há muita impunidade descarada…
* Título da responsabilidade da redação
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