Perante uma situação que põe em risco a vida da população deste município, o Governo assobia para o lado. As recentes declarações do Ministro da Administração Interna, tutela dos bombeiros e da proteção civil em todo o território nacional, segundo as quais o Governo não aceitou o pedido de requisição civil porque as partes se entenderam quanto aos “serviços mínimos” é de uma irresponsabilidade intolerável num Estado de Direito.
Fui, sou e sempre serei uma defensora acérrima do direito à greve como uma das vias constitucionalmente erigidas para se conseguir melhores condições de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores.
Mas esta liberdade não pode ser desligada do dever de se respeitar as obrigações laborais, cumprindo com zelo e dedicação as tarefas profissionais e de contribuir para o aumento da produtividade.
A greve dos bombeiros da Praia, que entra hoje no seu 33º dia, poderá ter sido justa no início, mas está agora despida de toda a racionalidade e proporcionalidade. Julgo ser hoje evidente para todos os habitantes desta cidade quais são as reais motivações por detrás desta “ação de protesto”.
A esta altura, ja ficou claro que se trata de mais um estratagema que se vem juntar à catadupa de inspeções das Finanças e do Ministério da Coesão Territorial e do sufoco financeiro imposto à Câmara Municipal da Praia, apenas com o fito de recuperar na secretaria a principal a autarquia do país que PAICV ganhou legitimamente nas urnas.
Devido a problemas estruturais resultantes, em parte, de um crescimento desordenado, sempre que chove com intensidade, o município da Praia confronta-se com problemas de todo o tipo, desde enxurradas, vias obstruídas, desabamento de casas (até mortes) só para citar estes... para o desespero da população, sobretudo, das pessoas que vivem nos ditos bairros periféricos e nas encostas das ribeiras.
Manter por mais de um mês seguido uma greve dos bombeiros e da proteção civil, que deviam estar em estado de prontidão para acudir as pessoas neste período chuvoso, é pura maldade e uma irresponsabilidade de todo o tamanho. Mas mais, é banalizar o próprio sindicalismo. Basta ver que nas outras ilhas esta greve por tempo indeterminado é já motivo de chacota, pudera!
É bom que fique claro que todas as reivindicações dos bombeiros remontam ao período em que a CM da Praia foi dirigida pelo MPD, tendo à cabeça Ulisses Correia e Silva e Óscar Santos. Pergunta-se: por que é que os bombeiros e o sindicato que os representa não se bateram nessa altura pelos seus direitos. Onde estiveram, afinal?
A CM da Praia, liderada por Francisco Carvalho, aceitou regularizar os atrasados referentes à progressão na carreira dos bombeiros em 8 prestações, um esforço ingente para o já depauperado cofre municipal. Pois bem, o que vem exigir agora o sindicato? Que o valor da primeira prestação seja equivalente ao salário nominal de cada bombeiro. Ou seja, é forma encontrada para os bombeiros reaverem o rendimento perdido durante o mês de agosto em que embarcaram (e continuam) na estratégia de fazer capitular o presidente da CM eleito democraticamente com os votos dos munícipes. É uma vergonha!
Se esta greve tem rostos, como dizia ontem o presidente do SIACSA, só poderão ser os do Ulisses Correia e Silva, do Óscar Santos, do Paulo Rocha e da Janine Lélis.
Perante uma situação que põe em risco a vida da população deste município, o Governo assobia para o lado. As recentes declarações do Ministro da Administração Interna, tutela dos bombeiros e da proteção civil em todo o território nacional, segundo as quais o Governo não aceitou o pedido de requisição civil porque as partes se entenderam quanto aos “serviços mínimos” é de uma irresponsabilidade intolerável num Estado de Direito.
Se a chuva voltar com força, como aliás está previsto que aconteça por causa da passagem de mais uma onda tropical, e houver estragos risco de vida para os praienses, como aconteceu em 2019, a responsabilidade será assacada exclusivamente ao Governo. Acho que os praienses estão conscientes disso.
O presidente da Câmara Municipal da Praia sempre se mostrou sensível aos problemas laborais dos funcionários da autarquia e tem trabalhado no sentido de os ir resolvendo paulatinamente. Aliás, este foi um dos compromissos de campanha eleitoral da atual equipa camarária. Mas infelizmente está-se a aproveitar da humildade, da simplicidade e da abertura ao diálogo patenteadas por Francisco Carvalho para o depenar e levá-lo ao desespero. Isto não vai acontecer!
Na política não vale tudo... os praienses saberão dar o troco ao “colete de forças” em que se quer meter a Câmara Municipal da Praia.
Comentários