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Carta aos Jovens Cabo-verdianos. O nosso país clama por uma posição ativa e  forte da nossa parte!   
Ponto de Vista

Carta aos Jovens Cabo-verdianos. O nosso país clama por uma posição ativa e forte da nossa parte!  

Meus caros, esta carta quer ser um convite à reflexão sobre o nosso país, os nossos governantes, as políticas públicas que estão sendo implementadas e o nosso FUTURO. Que nos sirva de alerta para situarmos no contexto em que estamos e percebermos o que devemos fazer para mudar a nossa sorte. É nosso dever, é nossa obrigação. Não podemos, nem devemos, fugir das nossas responsabilidades. O futuro nos desafia. O nosso país nos interpela. Atentemos para estas palavras da Biblia Sagrada, o Livro dos Livros, a Palavra de Deus Vivo: “Ora, não te ordenei: Sê forte e corajoso? Não temas e não te apavores, porquanto Yahweh, o SENHOR teu Deus, está contigo por onde quer que andes!” Josué 1:9. Josué era jovem e teve uma grande responsabilidade: guiar uma nova geração à Terra Prometida. Deus não o desamparou, Josué se manteve fiel a Deus e conquistou tudo por onde andou. Coragem, Deus é contigo jovem!

Caros jovens, convido-vos a juntos refletirmos sobre nosso futuro, um futuro que vem sendo comprometido pelas decisões que não compactuam com os nossos sonhos, nem com os sonhos do nosso país. Temos um Governo que nos acena com palavras bonitas, com contos fantáticos, mas no momento da verdade nos deixa ao “Deus dará”. Não temos de aceitar isso. Devemos lutar para o nosso futuro. Somos jovens com potencial, com talento, com ideias, com ambição. É momento de nos unirmos, e a uma só voz, gritarmos BASTA! Bem alto, bem estrondoso! Afinal, somos o garante do futuro, e não podemos, nem devemos, deixar o nosso mérito em mãos alheias.

O nosso silêncio é a nossa própria condenação. Não merecemos os governantes que temos. Não podemos aceitar este duro ralar quotidiano,  para, mais tarde, ainda sermos obrigados a pagar dívidas públicas por causa de luxos e caprichos de um grupo que, quais vendilhões do templo, estão a hipotecar o futuro do nosso país, o nosso futuro. Não merecemos essa herança!

Cruzar os braços é assinar a nossa sentença condenatória. Temos é que levantar e lutar, porque esta causa não lhes pertence. Esta causa é exclusivamente nossa. Os atos, as omissões, todo esse “fazer governativo e político” não deixam dúvidas de que essa gente não quer saber de nós. Os investimentos, as decisões, a medidas de política que chegam ao nosso conhecimento são testemunhos de que no longo prazo não há absolutamente nada que valha e que salve Cabo Verde. Tudo está preparado para o virar da esquina, para o imediato, porque o importante é continuar a ganhar eleições, que o resto é resto mesmo!

Muita atenção meus jovens. A tentação é alta, as encomendas e prebendas não faltam, sobretudo quando se aproximam as eleições, o momento mais alto do nosso país, a hora em que as cartas voltam para o baralho e o poder finalmente regressa ao seu verdadeiro DONO, e é nessa oportunidade, nesse momento sublime, é que somos desafiados a não trocar os nossos direitos fundamentais, sobretudo o direito a uma vida digna, a um futuro digno, por um "prato de lentilhas." 

É direito nosso reivindicar um futuro melhor, um futuro que nos garantirá uma vida digna, um país com autoestima, com capacidade reivindicativa, com uma economia sustentável, com caracter, com sentimento e respeito pelo coletivo, com emprego, com oportunidades para os seus filhos.

Chegou o momento de questionarmos o Governo sobre que caminho é que está a traçar para o nosso futuro? Se a ponte (se é que há uma ponte) que nos liga ao futuro é segura e credível? Porque não podemos partir para o futuro sem estarmos preparados no presente!

O que temos no presente?

Hoje se queixa que há poucos jovens qualificados para o mercado de trabalho, mas é necessário não esquecermos que há um número reduzido de jovens com acesso às universidades e à formação profissional. Há um número considerável de jovens sem acesso a formação académica e profissional, não por falta de vontade, mas por falta de meios económicos e financeiros para pagar os estudos. É basta olharmos para o nosso bairro, para a nossa rua, que perceberemos de imediato este drama social e familiar que está a minar o carater dos jovens, empurrando-os para o descrédito e para a marginalidade.

Em Cabo Verde há recursos para aquisição de viaturas de luxo, viagens milionárias de políticos, pagamento de pesadas e ineficientes estruturas públicas, um elenco governamental obeso de 28 membros, sem quaisquer resultados na satisfação da coletividade e no desenvolvimento do país, mas não há recursos para a preparação dos jovens para o futuro, porque aqueles que dirigem o país não estão interessados no empoderamento do maior recurso nacional: as pessoas, com particular atenção para a camada juvenil.

O mundo vive uma grande crise. Diz quem entende, e o Governo repete todos os dias, que esta é das maiores crises económicas e políticas que o mundo já conheceu, mas tudo isso não foi capaz de inibir o nosso país de ter hoje o Governo mais grande da sua história e uma estrutura pública pesada, ineficiente e gastadora.

Cabo Verde tem hoje um Governo que, de acordo com as contas do seu próprio chefe, Ulisses Correia e Silva, está a gastar cerca de 400 mil contos anuais, que poderiam ser canalizados para projetos sociais, onde a formação de jovens deveria estar na base da pirâmide das acções mais prioritárias.

Meus caros, com esses 400 mil contos, o Governo poderia perfeitamente financiar a licenciatura de 800 jovens. Durante um mandato de 5 anos, este dinheiro daria para pagar a licenciatura de 4.000 jovens (4 anos de formação custam uma média de 432 mil escudos em propinas), imaginem durante 10 anos quantos jovens ficariam preparados para o mercado de trabalho, para trabalhar para a sua vida e a vida dos seus filhos proporcionado pelos conhecimentos e as ferramentas profissionais adquiridos, aqui ou em qualquer parte do mundo. Não devemos esquecer que foi esse mesmo Ulisses Correia e Silva, chefe do Governo de Cabo Verde, quem nos havia prometido 45 mil empregos dignos, bem remunerados e formação de excelância para competirmos em qualquer mercado de trabalho a nível global…

Somos um país pequeno, com cerca de 491 mil habitantes. A taxa de desemprego juvenil é de 33%. O nosso país e os seus governantes não têm tido uma visão do desenvolvimento vinculado ao potencial do arquipélago. Não podemos continuar de mãos estendidas a mendigar “esmolas” dos parceiros internacionais. O país está frustrado, os jovens estão frustrados. A violência urbana e a procura da emigração, da evasão,  não deixam dúvidas - não há esperança, não há solução. O Governo perdeu credibilidade e se as coisas não mudarem de rumo, Cabo Verde pode, num futuro não muito distante, ficar desprovido da sua principal força de trabalho – os jovens.

É muita incerteza, o Governo passa o tempo com discursos e palavras sem impacto no dia-a-dia dos jovens, aumentando ainda mais a descrença e a frutração no seio de uma camada que representa mais de metade da população do país.

Se o presente está comprometido, imaginemos o futuro!

Como jovem não podemos permitir que o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, sejam condicionados por esses homens, gananciosos, vaidosos, soberbos e de coração duro. BASTA!

Meus caros, esta carta quer ser um convite à reflexão sobre o nosso país, os nossos governantes, as políticas públicas que estão sendo implementadas e o nosso FUTURO. Que nos sirva de alerta para situarmos no contexto em que estamos e percebermos o que devemos fazer para mudar a nossa sorte. É nosso dever, é nossa obrigação. Não podemos, nem devemos, fugir das nossas responsabilidades. O futuro nos desafia. O nosso país nos interpela.

Para fechar, fica aqui estas palavras da Biblia Sagrada, o Livro dos Livros, a Palavra de Deus Vivo: “Ora, não te ordenei: Sê forte e corajoso? Não temas e não te apavores, porquanto Yahweh, o SENHOR teu Deus, está contigo por onde quer que andes!” Josué 1:9

Josué era jovem e teve uma grande responsabilidade: guiar uma nova geração à Terra Prometida. Deus não o desamparou, Josué se manteve fiel a Deus e conquistou tudo por onde andou. Coragem, Deus é contigo jovem!

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