“Os desafios atuais requerem do Estado e das Forças Armadas uma intervenção conjunta e capacidade de projeção de forças cuja concretização depende inevitavelmente da aquisição de meios aéreos adequados e flexíveis que permitam a execução de operações múltiplas e maximizem as diferentes valências das Forças Armadas”, pode-se ler ainda no despacho. Mas, como costuma dizer o povo, estes são argumentos “para inglês ver”…
Apesar das promessas do Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de compra de um meio aéreo para as Forças Armadas ainda este ano, a Guarda Costeira vai continuar sem avião para fiscalização do espaço aéreo e marítimo e ações de emergência medica.
Ulisses Correia e a sua ministra da Defesa são “uns mãos largas” na distribuição de promessas e, em 2022/23, criaram uma Comissão para a Implementação da Aviação Militar (CIAM), antecedendo a compra de um meio aéreo para patrulhamento e emergências, prevendo dois anos de trabalho. Na altura, o Governo cabo-verdiano previa gastar 1,2 milhões de euros em 2023 com o projeto “Patrulhamento Aéreo e Emergência”, envolvendo a aquisição de uma aeronave para a Guarda Costeira.
Até hoje, a Guarda Costeira continua a “sonhar” que a promessa seja cumprida e, como diz a canção musicada por Paulino Vieira, “Ami cordode um sunha/Cabo Verde era um paraíse/Cheio di jardim floride…” Sonho que ainda está por se cumprir.
A Guarda Costeira de Cabo Verde já teve ao seu serviço um avião Dornier Do 228, que foi “passado à reserva” pelo atual Governo, sem ter arranjado um meio que o substituísse, fiando-se na cooperação com Portugal.
Já em 1981 as forças armadas trabalhava com os Antonov-26, da então chamada Aviação Nacional, que depois ficou conhecida como Força Aérea. Recordo que os aviões AN-26 da antiga Forca Aérea foram cedidos a Angola em troca uma aeronave Brasília entregue aos TACV e um Bandeirante que ficou na Força Aérea. As matriculas eram os AN-26 FAC01 e FAC02. O Bandeirante ficou com o FAC03. FAC Forca Aérea Cabo-verdiana.
A partir de 1993 criou-se a Comissão para a implementação da Guarda Costeira. Até hoje ela existe e trabalha normalmente. Se não me engano, na altura, era Comando de Marinha e Aviação, e, entre outros, constituído pelos pilotos, formados na antiga URSS, Borges, Horácio, Alexandre Baptista, Cabral, Gui Vera Cruz, Neney, Manuel Pinheiro , Augusto, e pelos os mecânicos, também formados na ex-URSS, Jacinto,Djoya, Martinho e Barbosa.
Falo neste período para recordar aos nossos ilustres governantes que a Guarda Costeira opera há vários anos sem qualquer meio aéreo, porque não existe vontade politica para resolver esta situação. Se houvesse vontade, o problema já estaria resolvido há muito tempo…
São louváveis as intenções do Governo, quando diz: “Urge a implementação e regulamentação de toda a atividade aeronáutica militar sendo fundamental proceder-se à criação de uma comissão para o efeito, com a necessária abordagem estratégica transversal concernente à implementação da aviação militar. Atendendo que a criação das bases legais para a execução do supracitado constitui um imperativo e ciente do avanço do processo de aquisição de aeronave adequada às missões de evacuação médica (MEDVAC), patrulhamento e fiscalização marítima, busca e salvamento (SAR) e transporte de altas entidades nos termos da lei”, lê-se no despacho de criação da CIAM.
Contudo, já não são louváveis as práticas do Governo que nada faz para o desenvolvimento e a modernização das Forças Armadas, nomeadamente o ramo da Guarda Costeira.
“Os desafios atuais requerem do Estado e das Forças Armadas uma intervenção conjunta e capacidade de projeção de forças cuja concretização depende inevitavelmente da aquisição de meios aéreos adequados e flexíveis que permitam a execução de operações múltiplas e maximizem as diferentes valências das Forças Armadas”, pode-se ler ainda no despacho. Mas, como costuma dizer o povo, estes são argumentos “para inglês ver”…
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