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A AUSCULTAR, ESPERANÇOSO, FOCADO NA “CONSTRUÇÃO DE SOMBRAS PARA AÇÃO” EM SANTA CATARINA
Ponto de Vista

A AUSCULTAR, ESPERANÇOSO, FOCADO NA “CONSTRUÇÃO DE SOMBRAS PARA AÇÃO” EM SANTA CATARINA

A Câmara Municipal atual está de cabeça perdida. O MPD que a suporta já reconfirmou a recandidatura dos presidentes das câmaras de R. Grande Santo Antão, S. Vicente e até já apontou um novo contendor para a Praia e deixou no limbo a presidente de Santa Catarina. Mas, para a desgraça do concelho, os menos qualificados já estão no palco da política. Em visitas e comemorações já lançam iscos para enganar os tolos e parolos e, com isto, emparelhar os seus votos. Mas, os mais instruídos na política arte e na política ciência sabem que na política, como no mar, morder o isco não é boa ideia e ao fazer é sempre letal.

O que é Santa Catarina hoje? Em honestas observações e respostas obtidas junto dos meus conterrâneos, no que se segue dou registo:

1. Santa Catarina é um concelho com potencialidades agropecuárias, marítimas e marinhos, turísticas, comerciais e humanas que apenas de latente existem. O seu capital humano de nada lhe serve; a maioria se exila e os outros são rechaçados da esfera de decisão, enquanto os medíocres tomam palco; o seu comércio é desorganizado, sem escala e bastante informal; o turismo passa-lhe a bordo, porque não existem infraestruturas de acolhimento e de atração; do mar e através dele retiram-se peixes que, sazonalmente, se dão á costa, num extrativismo primário, com atividades artesanais e sem meios de suporte para acrescento de valor. Na sua costa marítima, duas enclaves, Porto de Ribeira da Barca e Rincão, nada se escoa e nada entra, que não sejam peixes ali capturados. A agricultura e a pecuária são primitivas, também sem escala, sem tecnologia e sem ciência. Tudo é centenário e miserável;

2. Santa Catarina possui segundo maior parque automóvel do país, só ultrapassado pela Praia, fruto de um sacrificado investimento privado. Mas, o transporte público é desorganizado, irregular, sem previsibilidade e á noite ele não opera. Este sector nunca encontrou interesse público na sua organização, maximização e humanização;

3. Santa Catarina possui a maior taxa de depósito bancário do país, fruto do investimento dos nossos emigrantes, mas não possui tecidos empresariais com notoriedade, não possui uma fábrica ou unidade de transformação de referência para os seus produtos agropecuários. Portanto, não há investimento de emigrantes, que não seja em transporte terrestre e imobiliária;

4. Santa Catarina possui duas feiras semanais (quartas e sábados) mas os mercados onde ocorrem as feiras são de péssima qualidade sanitária e insuficientes, apesar de duas edificações, precárias, com vasta injeção de dinheiro público;

5. Santa Catarina é o único concelho de Cabo Verde que tem feira de gados onde se adquirem animais para criação e produção de carne. Mas, esta feira de gado nunca encontrou quem lhe desenvolveu um mercado apropriado para os operadores;

6. Santa Catarina é terra de várias manifestações culturais, artesanais e rica em história. Não possui museus de referência. Não capitaliza na cultura, história e artesanato para o turismo e nem arrecada com a indústria criativa. Usa as suas manifestações culturais para sua distração, lazer e festas, mas quase nunca para promover a economia local e prover rendimento sustentável e em escala considerável para os seus fazedores;

7. Santa Catarina possui uma fervilhante anarquia criadora em artes, cultura, tanto feitos no concelho como na emigração, mas não encontra ciência e tecnicidade na sua organização, para dar rendimento e mudar a vida daqueles que nestas áreas atuam;

8. Santa Catarina possui belas paisagens, rica natureza pela sua diversidade, em espécies exóticas e endêmicas, mas a georeferenciação dos espaços é péssima. Os caminhos vicinais nunca têm manutenções e segurança. Transportes públicos não são organizados para ali chegarem. Os miradouros não existem.

9. Santa Catarina tem na Cidade de Assomada o seu único centro urbano, mas que de facto é rurbano, cinzenta, erguida em brutalidade de betão armado, sem pulmão respiratório, com sérios problemas de drenagem de água, quando chove, sem toponímia, e com muitas ruas de condições intransitáveis para bombeiros, ambulâncias;

10. Santa Catarina tem uma quantidade enorme de prédios edificados, com recurso ao investimento emigrante, desabitados e alguns devolutos, mas há várias famílias sem casa e/ou a viver em casas sem mínimas condições de habitabilidade e segurança;

11. Santa Catarina é terra de talento cultural, desportivo e artístico. Entretanto, o concelho não possui infraestruturas de apoio, não oferece incentivos e apoios objetivos para o seu desenvolvimento;

12. Em Santa Catarina trabalhar para ganhar a vida, o acesso à saúde, educação e lazer, não sendo em esporádicas situações, só são possíveis até ás 19h00. Transportes públicos e táxis não funcionam á noite, a iluminação pública é péssima e a insegurança atormenta e enclausura as pessoas em casa;

13. Desorganização - por falta de fiscalização e infraestruturas de apoio; miopia- falta de visão e sensibilidade estética por parte de quem decide; comodismo e complacência com más e abusivas práticas, bem como a total ausência de prestação de contas e responsabilização explicam o retrocesso de Santa Catarina.

Por isso, aliada à inovação e uma forte capacidade decisória, serei ousado e levarei visão e novo olhar para o desenvolvimento de Santa Catarina e a melhoria das condições de vida dos seus cidadãos. Com a minha preparação técnica, conhecimentos e experiências adquiridos nas universidades, nas cidades onde vive, nos cargos exercidos e no percurso construído da vida, darei confiança aos santacatarinenses para voltarem a acreditar na política e nos políticos.

Sem optimismos nem pessimismos, estou bastante esperançoso e focado na construção de “sombras para ação” no meu concelho. A disputa que me propus apresentar, com dignidade e respeito para com todos, exige de mim apresentação de propostas alternativas e exequíveis, para mudar a situação de atraso e perda de centralidade em que se encontra Santa Catarina. Este concelho precisa de uma liderança sábia e madura, para o desamarrar da âncora da mediocridade em que se encontra.

A Câmara Municipal atual está de cabeça perdida. O MPD que a suporta já reconfirmou a recandidatura dos presidentes das câmaras de R. Grande Santo Antão, S. Vicente e até já apontou um novo contendor para a Praia e deixou no limbo a presidente de Santa Catarina. Mas, para a desgraça do concelho, os menos qualificados já estão no palco da política.  Em visitas e comemorações já lançam iscos para enganar os tolos e parolos e, com isto, emparelhar os seus votos. Mas, os mais instruídos na política arte e na política ciência sabem que na política, como no mar, morder o isco não é boa ideia e ao fazer é sempre letal.

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