Política

Os resultados provisórios avançados pelo site oficial eleicoes.cv confirmam a vitória de José Maria Neves nas eleições presidenciais 2021, surpreendentemente, logo na primeira volta. Carlos Veiga, apoiado pelo MpD e pela UCID, é o maior derrotado deste domingo eleitoral e os resultados podem significar o seu adeus à actividade política, tendo em conta os seus 72 anos de idade. Veiga já felicitou o rival apoiado pelo PAICV, que, ainda sem se dirigir ao país como o quarto Chefe de Estado eleito democraticamente, já comemora efusivamente, com fogos de artifício arremessados a partir da sua sede na Fazenda, cidade da Praia.

Neste momento, Neves já ultrapassou os 93 mil votos (51,5%), quase 15 mil acima de Carlos Veiga, que, restando poucas mesas para serem apuradas (Américas), está com 77 mil votos (42,6%). Casimiro de Pina é o terceiro mais votado, estando com mais de 3.250 votos (1,8%) e, surpresa, o desconhecido candidato Fernando Rocha é quarto ranking, com mais de 2500 votos conquistados (1,4%), superando, imagine, o ex-deputado nacional Hélio Sanches, que é quinto, com pouco mais de 2100 votos (1,2%). Gilson Alves, o homem que pediu “Poder Absoluto” aos eleitores, conseguiu convencer pouco mais de 1500 votos (0,9%) e o veterano Joaquim Monteiro, que nas eleições anteriores até chegou a obter mais de 3 mil votos, desta vez conseguiu 1365 votos (0,8%).

Com efeito, José Maria Neves ganhou em Santo Antão, São Vicente, Boa Vista, Santiago e Fogo, ilhas com maior peso político no arquipélago, enquanto Veiga sai vitorioso no Maio, Brava, Sal e São Nicolau. Neves também ganha em África e na Europa e Resto do Mundo, restando ainda o apuramento das mesas no círculo das Américas.

Além desta vitória estrondosa do ex-primeiro ministro José Maria Neves, principalmente sobre o também ex-primeiro-ministro Carlos Veiga (perde pela terceira vez a candidatura a Presidente da República), há que destacar a elevada taxa de abstenção cujos dados provisórios apontam para ser acima de 51%. Ou seja, 200.415 eleitores dos 400 mil inscritos não foram para as assembleias de voto. Facto que terá várias leituras, sendo uma delas um aviso do eleitorado à classe política, que terá de rever os seus discursos e forma de actuação de modo a atrair os cabo-verdianos para as mesas de voto e decisão política.