O deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Walter Évora, disse hoje no parlamento que os jovens cabo-verdianos formados não confiam nos recrutamentos da administração pública, que não são transparentes e não são feitos com base na meritocracia, mas sim na “simpatia partidária”.
Na sua declaração política no arranque do debate com o ministro Adjunto do Primeiro Ministro para a Juventude e Desporto, Carlos Monteiro, este eleito pelo cículo da Boa Vista frisou que em Cabo Verde há um número crescente de jovens nos centros urbanos e no meio rural que afirma não conseguir nenhuma fonte de rendimento para suprir as suas necessidades básicas.
“32,5% dos jovens cabo-verdianos estão desempregados. 77.480 jovens cabo-verdianos entre os 15 e os 35 anos estão fora do sistema de ensino e sem emprego. Desses 77.480 jovens, 71% não concluiu o ensino secundário. 23.513 cabo-verdianos estão numa condição de subemprego e a esmagadora maioria são jovens entre os 15 e os 24 anos”, apontou.
Walter Évora afirmou ainda que há um “aumento preocupante” de jovens formados, com licenciatura, que estão numa situação de desemprego prologando e que o mercado de trabalho não consegue absorver a quantidade de jovens que são formados todos os anos.
“Há uma grande discrepância entre as ofertas formativas e as necessidades do mercado de trabalho. É o próprio Ministro da Juventude que afirmou, numa conferência organizada pelo grupo parlamentar do MPD, que a juventude Cabo-verdiana tem falta de competência para ser competitivo no mercado de trabalho”, acrescentou.
Évora salientou ainda que no mundo rural, o desemprego juvenil é também particularmente preocupante, uma vez que não há uma política de estímulo das atividades produtivas no meio rural.
“Os jovens do meio rural não tem acesso a terra, que um dos principais fatores de produção, como também o governo não conseguiu estabelecer um elo entre aa atividades produtivas do no meio rural e o mercado de consumo no sector turístico”, prosseguiu.
Este parlamentar disse também que dos jovens que estão no mercado formal de trabalho a maioria está empregada no sector do turismo, principalmente nas ilhas do Sal e da Boavista, onde auferem de salários baixos em contraste com o custo de vida elevado principalmente nessas duas ilhas.
“O aumento do preço dos bens essenciais registado neste ano, reduziu significativamente o poder de compra desses jovens trabalhadores. A situação económica da juventude caboverdiana é muito difícil e está a ter um forte impacto a nível social. Conseguir uma casa própria é cada vez mais difícil para um jovem Cabo-verdiano, mesmo entre aqueles que estão empregados”, indicou.
Walter Évora afirmou ainda que o abandono escolar, o consumo abusivo do álcool, a criminalidade juvenil, os problemas de foro psicológico, são em grande parte consequência das vulnerabilidades económicas da juventude cabo-verdiana.
As atividades desportivas que são uma importante dimensão da juventude caboverdiana, vem sendo muito afetadas pela redução de investimentos do governo no sector desporto e pelo facto de grande parte das verbas disponíveis serem absorvidas no funcionamento dos institutos criados pelo governo e não nas próprias atividades desportivas.
“As medidas anunciadas pelo Governo de combate aos problemas da juventude são insuficientes, ineficazes e não levam em conta a dimensão estrutural dos problemas da juventude cabo-verdiana. O governo não se apercebe que depois de dois anos de pandemia os jovens empresários caboverdianos estão sem margem para mais endividamento”, frisou.
De entre outros, Walter Évora afirmou que o governo não se apercebe também que para os jovens que estão sem emprego e que ainda não concluíram o ensino secundário o empreendedorismo e o recurso ao crédito bancário não é solução para milhares de jovens que estão nesta situação.
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