Cultura

O livro, lançado no quadro da programação da Presidência da República para o mês de Março, mês da mulher, traz depoimentos na primeira pessoa de mulheres que passaram por situações de violência obstétrica nos hospitais de Cabo Verde, perpetradas por mulheres profissionais de saúde.

O livro, conforme a autora, foi “inspirado” nas “andanças” que ela fez durante as palestras que ministravam, na sequência da publicação da primeira obra “Se causa dor não é amor”, de onde, conta ter deparado com “muitas dores silenciadas” de mulheres que sofreram violência obstétrica.

A socióloga sublinhou que com este livro não está a “atacar” o sistema da Saúde, mas sim a querer contribuir para que as coisas possam melhorar.

“Cabo Verde tem muitas políticas públicas e muito boas, mas vamos ter que fazer muito mais para que essas políticas públicas se concretizem na realidade”, explicou, indicando que é necessário aceitar que essas situações existem e que têm de ser faladas.

“A partir do momento que aceitamos que essa violência existe, as coisas podem melhorar, porque são cenas efectivamente de horror de uma mulher que está a praticar um horror para outra mulher, num sistema que ela foi em busca de segurança para ter o seu filho”, disse.

Neste sentido. a autora que conta que sofreu represálias quando começou a relatar situações de violências nas redes sociais, pede às mulheres que já passaram por situações de violência que denunciem tais práticas para evitar que se perpectuem.

“É preciso falar, sim, colocar o dedo na ferida, procurar soluções de melhoria sim, mas para isso também temos que dar a nossa cara à tapa”, recomendou, pedindo às mulheres que não tenham medo.

Por outro lado, emocionada, a autora pediu a quem de direito que faça alguma coisa para pôr cobro a situação de violência obstétrica, que por vezes provoca traumas para a vida toda e que afecta directamente a família e toda a sociedade.

O livro traz o prefácio da psicóloga Belmira Miranda e da enfermeira Denise Cardoso e foi apresentado pela escritora Vera Duarte e pela médica Nilce Santos, na presença do Presidente da República, José Maria Neves, e da primeira-dama, tendo como palco o Salão Beijing, no Palácio do Platô.