Os deputados de Santiago Norte decidiram falar hoje a “uma só voz” sobre a problemática desta região considerada uma das mais pobres de Cabo Verde, com o Governo a reconhecer que a mesma precisa de “mais investimentos”.
O ponta pé de saída foi dado pelo parlamentar eleito nas listas do Movimento para a Democracia (MpD), José Eduardo Moreno, que trouxe à liça as dificuldades por que vem passando aquela que é considerada uma das principais regiões políticas do país.
José Eduardo Moreno pediu ao Governo “projectos estruturantes” para, segundo ele, se “alavancar e promover a economia” da região.
Reconheceu, porém, o “esforço” que o executivo de Ulisses Correia e Silva está a fazer com vista a “inverter o quadro negativo”.
Hélio Sanches (MpD) preferiu falar em “injustiças feitas ao povo de Santiago pelos anteriores governos da República” e pediu ao actual executivo no sentido de, no próximo Orçamento do Estado para 2019, dar “sinais positivos de investimentos” para essa região.
“Todos os cabo-verdianos têm os mesmos direitos e merecem a mesma dignidade e a população de Santiago Norte exige dos poderes públicos a mesma dignidade que vem dando às populações de outras partes de Cabo Verde”, acentuou o deputado Hélio Sanches, citando exemplos como a construção de portos na localidade de Rincão e Ribeira da Barca (Santa Catarina) e na cidade de Pedra Badejo (Santa Cruz) e, ainda, “investimentos fortes” na agricultura e turismo.
O deputado eleito nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Sanches, lembrou que os “três sucessivos orçamentos do Governo não contemplaram Santiago Norte”, enquanto o seu colega de bancada, João Baptista Pereira, considera que Santiago Norte tem “sofrido calado”, não obstante dispor de “grandes potencialidades”.
Depois de vária intervenções que uniram os deputados dos dois grupos parlamentares, a propósito dos problemas do interior de Santiago, coube ao ministro de Estado e Assuntos Parlamentares anunciar que a região vai receber, este ano, 580 mil contos para “requalificar ambientalmente e dar mais qualidade às cidades” do interior.
“Santiago Norte tem um dos piores índices de saneamento”, reconheceu Fernando Elísio Freire , para quem o Fundo do Ambiente, “outrora gerido a nível central, não chegou a esta região do país para melhorar os seus índices”.
O governante admitiu que o executivo de José Maria Neves investiu no interior de Santiago, mas que com os recursos que tinha à disposição “podia fazer três ou mais vezes”, porque os recursos “foram mal distribuídos”.
Por sua vez, a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID-oposição), na voz do seu deputado, João Santos Luís, fez uma declaração política na qual enalteceu os problemas da ilha do Sal, nomeadamente de famílias das localidades de Alto S. João, Alto Santa Cruz e Terra Boa, mas o Governo fez saber que está a tomar medidas para a solução das dificuldades.
“Até 2021, serão investidos 1,7 milhões de contos, recursos da Câmara Municipal do Sal, que serão transferidos pelo Governo, no quadro dos fundos do turismo e do ambiente, sem contar com investimentos directos que o Governo vai fazer na requalificação turística nas ilhas do Sal e Boa Vista”, apontou Fernando Elísio Freire.
Com Inforpress
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