Parlamento: Deputado lança apelo forte em defesa da região de Santiago Norte
Política

Parlamento: Deputado lança apelo forte em defesa da região de Santiago Norte

O deputado António Fernandes lançou hoje “um grito” a favor de Santiago Norte, apelando aos seus pares a acordarem em relação a esta região do País, que é uma das mais pobres do País, segundo dados oficiais.

Santiago Norte, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), conta com 43% da população da Grande Ilha, 52% do total dos pobres e mais de 66% do total dos muito pobres desta ilha.

O IV Inquérito às Despesas e Receitas Familiares (IDRF2015) reporta que Santiago Norte conta 24% da população cabo-verdiana, mas com 31% do total de pobres e para agravar com 38% do total dos muitos pobres.

“Santiago, teu grito é necessário! Santiago não é apenas Praia. Santiago Norte é Cabo Verde”, palavras que denotam a situação em que se encontra esta região do País.

Conforme apontou o deputado, Santiago Norte perde boa parte da sua população para a Praia, Boa Vista e Sal, onde esses migrantes foram morar directamente nos bairros periféricos ou nas barracas.

“A única opção de desenvolvimento apontado a Santiago Norte é a agricultura num contexto em que as delegações do Ministério da Agricultura são as mais fracas do País”, criticou António Fernandes

“Os decisores têm um grande passivo para com Santiago Norte.   Os nossos governantes normalmente são exuberantes nas outras regiões e são titubeantes em Santiago Norte”, precisou o parlamentar eleito nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAIC, oposição).

Para António Fernandes, a proximidade da Praia tem sido “uma grande desvantagem” para Santiago Norte em relação a determinadas regiões do País.

“Essa proximidade inibe toda a capacidade reivindicativa da nossa gente”, acentuou Fernandes.

O deputado, que fez estas considerações no período de questões gerais, momento que os eleitos da nação aproveitam para elencar as preocupações dos seus eleitorados, afirmou ainda que, apesar de tudo, a referida região é a do País em que os pais fizeram “melhor investimento” na educação dos filhos, bastando “analisar o perfil da naturalidade das lideranças na administração pública ao longo dos tempos”.

“Senhores deputados, acordemos enquanto é tempo, mesmo que seja atrasado!”, concluiu António Fernandes, cuja intervenção surgiu na sequência da sua colega de bancada Carla Carvalho, que listou um conjunto de problemas que afectam o interior de Santiago, com destaque para a falta de ambulâncias para socorrer os doentes em caso de necessidade.

“Santiago Norte tem apenas duas ambulâncias, uma em Santa Cruz e outra em São Miguel”, apontou a deputada, que ainda lamentou o facto de o maior município do interior de Santiago, Santa Catarina, onde fica o hospital regional, não dispor, neste momento, de uma viatura adequada para o socorro e transporte de doentes.

A referida unidade hospitalar foi concebida para atender uma população de 120 mil pessoas.

Por sua vez, a eleita nas listas do Movimento para a Democracia (MpD, poder), Isa Miranda, admitiu que os deputados por Santiago Norte devem “alinhar” as suas posições com vista a construírem uma “perspectiva diferente”, para que amanhã Santiago Norte tenha uma “situação diferente”.

Outros deputados do mesmo grupo parlamentar preferiram “responsabilizar” os governos do PAICV pelos atrasos verificados no desenvolvimento de Santiago Norte.

“Já começámos a fazer por Santiago Norte e já demos exemplos”, informou a deputada Isa Costa, do MpD, em reacção às declarações dos parlamentares do PAICV.

Quem não terá gostado das afirmações de António Fernandes foi a ministra dos Assuntos Parlamentares, Filomena Gonçalves, que disse que há uma tendência para “discursos perigosos para segregar o povo”.

“Convém revermos a forma de abordagem que fazemos”, defendeu a representante do Governo no parlamento, pedindo ao deputado António Fernandes que explicasse o que quis dizer com as palavras “nu korda…” (acordemos…)  “no tom em que foram proferidas”.

Reconheceu, por outro lado, que Santiago Norte tem registado “melhorias consideráveis”, que, enfatizou, nada têm a ver com a situação herdada pelo actual Governo.

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