PAICV manifesta estupefacção por MpD ter vetado declaração de 2024 como "Ano do Centenário de Amílcar Cabral"
Política

PAICV manifesta estupefacção por MpD ter vetado declaração de 2024 como "Ano do Centenário de Amílcar Cabral"

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) expressou profunda estupefacção após o Movimento para a Democracia (MpD) ter vetado a proposta de declarar 2024 como "Ano do Centenário de Amílcar Cabral", uma medida que visava homenagear o ícone da luta pela independência do país.

Na última sessão da Assembleia Nacional, um projecto que pretendia homenagear o centenário de Amílcar Cabral em 2024 encontrou obstáculos após ser rejeitado pelo partido da maioria e que sustenta o Governo de Ulisses Correia e Silva, o Movimento para Democracia, MpD.

"A Nação Cabo-Verdiana e o mundo estão estupefactos diante da decisão dos Deputados do MpD", declarou hoje em conferência de imprensa o deputado do PAICV, Démis Lobo Almeida, enfatizando a responsabilidade directa do partido governante na rejeição do projecto.

O deputado Lobo Almeida não poupou críticas, afirmando que "o MpD mostrou a sua profunda má-fé e desrespeito pela memória e o legado universal de Amílcar Cabral".

As declarações do PAICV salientam uma série de exigências feitas pelo MpD que despojaram o projecto de qualquer substância significativa, incluindo a retirada de referências ao percurso e legado de Cabral e a recusa em estabelecer uma comissão para as comemorações e um orçamento. 

"Mesmo assim, o MpD, depois de ter aceitado o agendamento da Resolução em Regime de urgência, de ter imposto o esvaziamento da Resolução quase na totalidade, e de ter pedido quatro vezes para que o mesmo projecto de Resolução fosse retirado, alegadamente na perspectiva de se consensualizar o texto; deu o dito pelo não dito", destacou Lobo Almeida.

Este parlamentar tambarina frisou ainda que o PAICV cedeu às "irrazoáveis exigências", aceitando uma resolução "ultra minimalista" que foi, no entanto, finalmente chumbada pelo MpD.

Almeida apontou directamente para o Presidente do MpD e Primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, por permitir que a reprovação ocorresse, alegando uma clara contradição com o apoio previamente expresso à celebração do centenário.

A postura do governo também foi criticada quando, segundo Almeida, a Ministra dos Assuntos Parlamentares, Janine Lélis, abandonou a sessão durante a votação, "numa clara demonstração de desrespeito".

Este episódio traz, mais uma vez, à tona a inflexão na política cabo-verdiana, evidenciando a luta pelo reconhecimento do legado de figuras históricas na formação da identidade nacional.

A resistência do MpD ao projecto é apresentada pela oposição como uma tentativa de alterar a narrativa histórica, apesar do reconhecimento internacional de Cabral como um "grande combatente pela liberdade de África" e um líder significativo na história mundial.

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