O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) acusou hoje o Governo de não transferir o montante de 270 mil contos do contrato-programa para a Câmara Municipal da Praia, além de “outros valores que estavam estipulados”.
A denúncia foi feita pelo presidente da Comissão Regional Política do PAICV em Santiago Sul, Carlos Tavares, que explicou que os 274 mil contos não foram transferidos, logo depois de Francisco Carvalho ter assumido a presidência da autarquia capitalina.
Segundo apontou, o Governo também não transferiu 258 mil contos que tinha prometido, derivado dos estragos causados pelas chuvas em Setembro de 2020.
Esta posição do PAICV acontece na sequência de uma conferência de imprensa do Movimento para a Democracia (MpD), afirmando que o município da Praia entrou “num preocupante rumo de retrocesso”, atribuindo toda culpa ao presidente da câmara, Francisco Carvalho.
Conforme o responsável o Governo age “como se o dinheiro fosse do MpD”, discriminando claramente a câmara da Praia e prejudicando os munícipes.
Carlos Tavares considerou que a capital, pelos desafios que tem, precisava de uma “oposição do mais útil”, mas que, no entanto, tem assistido um “MpD irresponsável, sem seriedade, repetitiva e que vem usando, inclusive, mentiras” na tentativa de “manchar a imagem” da autarquia.
Negou qualquer perseguição aos trabalhadores da autarquia, reiterando que o município tem uma câmara de rosto humano, procurando criar as melhores condições de trabalho, “ao contrário” do que se verificou com a gestão do MpD, em que os profissionais de saneamento estavam “numa posição péssima, com greves constantes”.
“Como estavam também várias outras classes profissionais, numa total precariedade laboral, sem cobertura de segurança social, sem meios de trabalho, caso dos bombeiros e sem salário adequado, caso dos técnicos superiores”, denuciou a mesma fonte.
Sobre as obras, o coordenador do PAICV afiançou que a oposição do MpD insiste numa “narrativa falsa” sobre a questão, pois obras já arrancaram e outras vão sendo retomadas.
“A oposição em vez de pedir mais para Praia, apoia o bloqueio por parte do Governo na não transferência das verbas de contratos programas estabelecidos com a câmara”, avançou.
Sobre o saneamento, Carlos Tavares assinalou que o MpD quer passar a ideia de uma realidade que não existe, denunciando que o próprio coordenador do MpD na Praia, Alberto Melo, postou uma foto antiga de lixo a céu aberto, antes da entrada de Francisco Carvalho, uma “tentativa de manchar” a imagem da edilidade, num “acto irresponsável”.
“Na verdade, o maior lixo existente na Praia é o mercado de coco que não terminou, numa construção de mais de dez anos, em que se gastou mais de 1.300 mil contos, verba que daria para construir 300 habitações sociais e reabilitar mil casas”, atestou.
Por fim, concordou com a posição do edil praiense, no sentido de que o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, poderia fazer outros tipos de encontros ou diálogos mais úteis.
“Não podemos deixar de pontuar o que parece ser uma certa incoerência do Presidente da República, que durante dez anos não chamou as câmaras outrora governadas pelo MpD para falar da péssima situação do pessoal do saneamento que existia”, frisou.
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