O MpD disse que celebrar Amílcar Cabral não se resume a um ato isolado e refutou críticas ao discurso do primeiro-ministro na abertura das comemorações dos 50 anos da independência.
“Amílcar Cabral constitui uma grande imagem e figura para todo o povo cabo-verdiano e homenageá-lo significa [ter] ações diárias, não é apenas num ato isolado que se vai estar a denegrir a imagem de Cabral e toda a luta que fez para que hoje fossemos um estado independente”, referiu o deputado Vander Gomes, na terça-feira, em conferência de imprensa, na ilha de São Vicente.
“Já não se justifica que, para se conseguir protagonismo e notoriedade pessoais, se tente aproveitar indevidamente a imagem e o contributo de Amílcar Cabral como bengala”, acrescentou.
O eleito do MpD reagia às críticas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) que, horas antes, considerou “escandaloso” que os discursos oficiais do líder do Governo e do MpD, Ulisses Correia e Silva, e do presidente da Câmara de São Vicente, Augusto Neves, na abertura das comemorações, na sexta-feira, tenham ignorado o líder do movimento pelas independências de Cabo Verde e Guiné-Bissau, Amílcar Cabral (1924-1973).
A mesma crítica já havia sido feita publicamente e à Lusa, na segunda-feira, pelo antigo embaixador cabo-verdiano Luís Fonseca, que lutou pela independência e que foi detido pelo regime colonial.
Mas o deputado do MpD atribuiu as críticas a uma “retórica” de “alguns saudosistas” que “não faz sentido num estado de direito democrático”.
Sobre a ausência de combatentes na cerimónia de sexta-feira, Vander Gomes referiu que o comandante Pedro Pires “faz parte da comissão de honra [das comemorações]” e deverá participar com combatentes “noutros momentos, a celebrar, com o povo, os 50 anos que devem orgulhar todos e não devem dividir”, acrescentou.
O PAICV considerou “escandaloso” que nos discursos oficiais da cerimónia de sexta-feira não tenha havido referências a Amílcar Cabral e que se tenha tentado “banalizar” a luta pela libertação, subjugando-a ao 25 de Abril, em Portugal, disse Adilson Jesus, dirigente do partido em São Vicente.
O partido criticou ainda a falta de convite à Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria para participação de protagonistas da luta ainda vivos.
Já na segunda-feira, Luís Fonseca disse estar “indignado” com a situação, depois de se ter insurgido através de um artigo na Internet.
“Quando a abertura oficial é feita pelo mais alto representante do governo, o tom é dado pela primeira declaração que é feita e foi absolutamente desastrosa”, referiu à Lusa.
O discurso de Ulisses Correia e Silva, também presidente do MpD, evocou, na sexta-feira, a nação com mais de cinco séculos, que foi colónia, que combateu e conseguiu tornar-se independente e que em 1991 fez as primeiras eleições livres, naquilo que classificou como um “percurso de resiliência” que é “motivo de orgulho” – fazendo a ligação ao slogan das comemorações, "Cabo Verde, nosso orgulho, nosso futuro".
Noutro excerto em que falou da juventude, o chefe do Governo aludiu aos que fizeram “as lutas pela libertação”, porque também eram jovens, acrescentando que a juventude de hoje deve construir a sua própria história.
As celebrações dos 50 anos de independência, organizadas pelo Governo de Cabo Verde, decorrem até dezembro. O ponto alto está previsto para 05 de julho, Dia da Independência, com uma sessão especial do parlamento, na capital, Praia.
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Comentários
Lopi, 5 de Mai de 2025
Essa justificação dada pelo governo e pelo mpd não colhe.
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non, 3 de Mai de 2025
O MiPD consegue desdizer tudo. Reenvia o desfeito para a tua boca. Especialistas em .....
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pedro amado+, 30 de Abr de 2025
Mpd,várias veses deu amostra de desrespeto a figura dopai da nossa nação.No centinario de cem anos,os deputados do mpd chumbaram a propposta para um especial em homenagem ao amilcar cabral no parlamento.
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José Lima Borges, 30 de Abr de 2025
As “cabecilhas do mpd “ liderada pelo primeiro ministro, têm demostrado as suas desvalorizações no que toca a todos aqueles que lutaram pela independência, se pudessem transformaria o Dr. Carlos Veiga na figura nacional. Esquecem-se que se não fosse aos que lutarem e deram a vida pela nossa independência que lhes permitem hoje de estarem no poleiro e a cantarem de galo sem verem para o lado. Coitado dos que têm de dar a cara pelo falhanço do 1º Ministro
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Manuel J.Pires, 30 de Abr de 2025
Justificar o injustificável fica difícil, e mais difícil fica quando um imberbe que, nem sonhava vir a nascer, se coloca na pele de defensor-mor do injustificável, para mais sem saber os sacrifícios consentido por muitos jovens, imberbes, na luta levada a cabo para que hoje pudesse estar a bramir do jeito que o vem fazendo. Lançaram-no na fogueira (os chefões do MPD) e taparam a cara para não o verem queimando-se.
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BOM SENSO, 30 de Abr de 2025
Simpatizo com o MPD, mas sejamos sinceros e justos: Procedeu-se MAL, para com personalidades que contribuiram para nascer este país. Depois põe-se garotos - meninos sem história , paea justificar o injustificável. Não concordo com asneiras que o PAICV possa ter cometido, mas um mal não justifica outro. A fotografia ficou mesmo FEIA e há que corrigi-la.
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