A carta datada de 3 de setembro e dirigida ao chefe do governo, Ulisses Correia e Silva, cujo teor Santiago Magazine teve acesso, acusa as seguintes perguntas: “O que está a acontecer, de facto, com a Companhia Cabo Verde Airlines? O que levou, de facto, à retenção dos 3 aviões na Flórida e quando se prevê resolver essa situação, salvaguardando os interesses do País? Que futuro se prevê para a Companhia?” O pedido é feito com carácter de urgência e conta com a cobertura do art. 65º do Regimento da Assembleia Nacional, nas suas alíneas g) e l).
Janira Hopffer Almada entende que dada a gravidade das informações que têm vindo a público, sobretudo as relacionadas com um hipotético desentendimento entre o governo e o seu parceiro estratégico, a Loftleidir Icelandic, agravadas a retenção de 3 aviões nos EUA, bem como os sucessivos atrasos no pagamento dos salários dos trabalhadores, o governo deve prestar cavaco ao país sobre esta empresa que é estratégica no processo de desenvolvimento nacional.
“Depois de se ter divulgado, nos Órgãos de Comunicação Social, a retenção de três aviões da CV Airlines na Flórida (após serviços de manutenção), os mesmos órgãos assumiram, publicamente, que na “base do sucedido, está um impasse entre as partes envolvidas no processo negocial da CV Airlines, isto é, entre a Loftleidir Icelandic e o Governo de Cabo Verde” observa Janira Hopffer Almada, para quem “num País arquipelágico como Cabo Verde, a organização de um sistema de transporte moderno, eficiente e eficaz, desempenha um papel crucial no processo de desenvolvimento, pois deste depende a mobilidade de pessoas e de bens intra e inter-lhas, bem como a ligação ao mundo, cada vez mais globalizado”.
Relembrando ao governo que o PAICV passou os últimos 4 anos a solicitar e a requerer informações sobre o processo de reestruturação da empresa, e muitas vezes sem merecer respostas, a líder do maior partido da oposição regista, no entanto, que “o sector dos transportes é primordial para fazer crescer a economia nas ilhas e gerar riquezas, emprego e rendimentos para as famílias, para além de garantir, num País arquipelágico como Cabo Verde, a ligação entre as ilhas e com o mundo, reforçar a coesão interna e promover o desenvolvimento integrado do País”.
Neste momento, a empresa conta com 3 meses de salários em atraso. O governo promoveu um aval de 12 milhões de euros para socorrer a tesouraria da empresa. Porém, o CEO da CVA sugeriu que tal montante não resolveria o problema.
Os 3 aviões que vinham operando na companhia encontram-se nos EUA. O governo diz que os mesmos se encontravam em serviço de manutenção, e que estariam em Cabo Verde com a abertura das fronteiras internacionais.
Todavia, tal não aconteceu até este momento, sendo este o facto que mais desconforto está a criar no seio da sociedade cabo-verdiana. Efetivamente, um país arquipelágico, com uma vasta diáspora e atrelado ao turismo, sem aviões, não deixa de ser preocupante.
Comentários