O presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, que é também deputado nacional, mostrou-se hoje “indignado” com a detenção do advogado Amadeu Oliveira afirmando que “o sistema tem medo da verdade”.
Em declarações à Inforpress, o líder da UCID disse ter testemunhado a detenção do advogado que considerou ser o “herói da luta pela justiça em Cabo Verde”.
“Eu testemunhei a sua detenção porque estava na reunião da Comissão Política, saí para rua e consegui fazer um vídeo. Para mim, enquanto político e cidadão, isso significa que aqueles que lutam pela justiça e por um Cabo Verde melhor sempre são marcados”, criticou o político.
Para António Monteiro, a detenção de Amadeu Oliveira mostra que “o sistema infelizmente tem medo da verdade”.
Isto porque, sustentou, “ao invés de procurar trazer à tona as denúncias feitas” por este cidadão o sistema “prefere calar, através de um mandado de detenção, aquele que tem sido o herói da luta pela justiça” em Cabo Verde.
“Não é aceitável num país livre e democrático quando um cidadão justifica a sua ausência num julgamento anterior e a juíza manda detê-lo como se de um criminoso perigoso se tratasse”, argumentou.
O presidente da UCID diz-se “indignado” porque, em 2019, aquando do debate sobre a situação da justiça em Cabo Verde, questionou no parlamento as denúncias feitas por Amadeu Oliveira.
Mas, ajuntou, “ao invés de se constituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar se Amadeu Oliveira tem razão ou não, quer para credibilizar a justiça, quer para corrigir possíveis erros que são apontados, nada se fez”.
O advogado Amadeu Oliveira foi detido no final da tarde de hoje, na Cidade da Praia, pela Polícia Nacional, e encontra-se na Direcção Central de Investigação Criminal.
A informação foi confirmada à Inforpress por uma fonte policial que, entretanto, não avançou o âmbito da detenção.
O advogado é acusado pelo Ministério Público de 14 crimes de ofensa e injúria contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça, Benfeito Mosso Ramos e Fátima Coronel, a quem vem apelidando de “gatunos, falsificadores e aldrabãozecos”.
Em finais de Janeiro o jornal Santiago Magazine avançava que teria sido emitido um mandado de captura e detenção de Amadeu Oliveira, que tinha recusado comparecer nos dias 6, 7 e 8 de Janeiro ao julgamento pelos 14 crimes de ofensa contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
Entretanto, informações vindas a públicos também davam conta que perante a não comparência do arguido, o tribunal optou por um novo um novo julgamento, marcando uma nova audiência para ter início no dia 23 de Fevereiro.
No dia 03 de Fevereiro o advogado tinha dito, em declarações á RCV que ainda não decidido que ia ou não comparecer, por considerar que 4º juízo-crime do Tribunal da Praia, encarregue do seu julgamento é incompetente para o julgar nesse processo em que é acusado de 14 crimes de ofensa contra os juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
Ainda não se conhecem os motivos da detenção da tarde hoje.
Amadeu Oliveira foi detido à porta da sua residência no bairro de Achada Santo António, na Cidade da Praia.
A Inforpress vai continuar a acompanhar o caso para trazer mais detalhes.
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