Ex-presidente do PAICV reage ao texto de Domingos Cardoso publicado ontem, 8, por Santiago Magazine. Admite erros do passado, mas diz que se não tivesse tomado medidas para a reconciliação interna pós-presidenciais 2011, as eleições directas no partido em 2014 estariam em risco.
Em “Uma Outra Leitura”, título do post de José Maria Neves publicado este domingo, 9, em reacção ao artigo "A destruição do PAICV e a democracia cabo-verdiana", assinado por Domingos Cardoso, colunista de Santiago Magazine, o antigo líder do PAICV começa por agradecer ao articulista “pela sua brilhante análise” para logo a seguir dizer-se surpreendido com a reflexão feita “sobre o exercício da liderança política em contextos difíceis e complexos como o que emergiu das Eleições Presidenciais de 2011”.
E passa então a explicar o que sucedeu. “O PAICV delas (Presidenciais 2011) saiu institucional e politicamente muito fragilizado. Tínhamos perdido o encanto que galvanizara o país, desde 2001. E eu saí dessas eleições, tenho a consciência disso, muito desgastado e dilacerado por dentro. Todos erramos, uns mais do que outros, somos humanos, mas assumo a responsabilidade política principal, já que era o líder do Partido”, admite José Maria Neves.
“Após as eleições de 2011, pensando no Partido, muito dividido e fragilizado, e no país, propus a todos que enterrássemos o machado de guerra e empreendêssemos o caminho sincero da reconciliação interna, respeitando as nossas diferenças e a liberdade de dissenso que deve existir num partido político democrático. Tínhamos a responsabilidade de garantir a estabilidade governativa e a coesão do Partido e do Grupo Parlamentar era essencial”, esclareceu.
Para que tal fosse possível, explica o ex-líder do PAICV, o partido tambarina organizou um Encontro Nacional de Quadros, “para quebrar pedras e abrir caminhos de diálogo e de participação a todos”. “E no Congresso de 2013, convidei Cristina Fontes Lima, Felisberto Vieira e Manuel Inocêncio Sousa para Vice-Presidentes, Júlio Correia para Secretário Geral, Aristides Lima para Presidente do Instituto para Democracia e Progresso e abri o Conselho Nacional e os restantes Órgãos do Partido ao concurso de todos. Era preciso reconstituir ‘o mínimo compartilhado’”.
“(...) Não fossem essas medidas, dificilmente teríamos condições de realizar as eleições presidenciais internas, em 2014. Após as eleições, todos assumimos os resultados e trabalhamos com sinceridade para a vitória do PAICV. E aproveito para defender a honra, ainda que não precisem desta minha defesa, a obra de todas fala por si, da Sara Lopes, Leonesa Fortes, Marisa Morais, Cristina Duarte e Cristina Fontes, pelo extraordinário contributo que deram ao PAICV e a Cabo Verde, durante todos esses anos”, continua José Maria Neves, para quem “o futuro do PAICV passa pelo contributo de todos, num ambiente de liberdade, de dissenso e de tolerância; de respeito pelas minorias, pela diferença e pela liberdade de expressão”.
“Para mim, em política, nem tudo o que parece é. Como de resto em quase tudo, aqui também não estou de acordo com Salazar”, remata.
Eis o post, na íntegra:
https://www.facebook.com/josemaria.pereiraneves/posts/1642380822452394
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