Governo cobrou por 76 mil cartões de identificação nacional (BI) que eram para ser de borla (corrigido)
Política

Governo cobrou por 76 mil cartões de identificação nacional (BI) que eram para ser de borla (corrigido)

Setenta e seis mil Cartões Nacionais de Identificação (CNI) que eram para ser entregues aos cabo-verdianos sem pagarem um centavo, foram, entretanto, cobrados pelo Governo, que, com esse expediente, arrecadou cerca de 102 mil contos. Programa era do anterior Executivo.

Os cabo-verdianos pagaram, sem saber, para obterem o Cartão Nacional de Identificação. Como? O anterior Governo, liderado por José Maria Neves, negociou com a Casa da Moeda em Portugal, onde se produz esses documentos biométricos, a emissão de 76 mil cartões nacionais de identificação que deviam ser distribuídos gratuitamente aos cabo-verdianos.

Sucede que, já em 2016, quando o MpD ganhou pela primeira vez as legislativas, depois de 15 anos de oposição, o Governo meteu na gaveta esse programa e decidiu cobrar 1350$00 por cada CNI, versão modernizada e digitalizada do comum Bilhete de Identidade.

"O Governo que entrou em 2016 enterrou o programa anterior e decidiu, de puro brio, cobrar por os 76 mil CNI o valor de 1.350$00, que eram para ser gratuitos", desabafa fonte de Santiago Magazine.

Segundo esse nosso interlocutor, este projecto do anterior Governo faz parte do programa de modernização dos registos que culminou com a criação do Sistema Nacional de Identificação e Autenticação Civil.

Assim sendo, o Executivo de José Maria Neves encomendou 76 mil cartões nacionais de identificação que seriam e foram mesmo colocados nas mãos dos cabo-verdianos gratuitamente. Só que desde 2016, os 76 mil CNI emitidos foram todos cobrados pelo Governo, o que, à conta de 1.350$00 por cada cartão de identificação, já terá valido 102 mil contos que não se sabe se de facto entraram nos cofres do Tesouro.

Depois do caso dos passaportes, que a Embaixada de Cabo Verde em Portugal está a emitir sem autorização ou validação dos serviços centrais na Praia, surge agora mais este problema a evidenciar as fragilidades do SNIAC, ou de como os dirigentes não se adequaram a este moderno sistema de identificação.

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