A directora nacional da Polícia Judiciária pediu demissão do cargo esta segunda-feira, 20, a poucos dias de completar um ano em funções. Incompatibilidades com a ministra da Justiça Joana Rosa estarão na base da decisão de Ivanilda Mascarenhas Varela, que, em carta endereçada aos trabalhadores, disse ter preferido “continuar a ter a paz” no seu coração e “regressar para o lugar onde sempre fui respeitada e tratada com dignidade”. O director nacional adjunto, Heidmilson Frederico, também pediu a sua exoneração.
Divergências com a ministra da Justiça estarão por detrás do pedido de demissão de Ivanilda Mascarenhas Varela do cargo de directora nacional da Polícia Judiciária. Segundo sabe Santiago Magazine, Joana Rosa estaria a interferir em demasia nas actividades da PJ, encurtando o raio de acção de Ivanilda Varela. A ponto de dar palpites até em investigações, denunciam as nossas fontes.
O certo é que a juíza Ivanilda Mascarenhas Varela não aguentou essas eventuais ingerências e decidiu bater com a porta esta segunda-feira, caindo junto, a seu pedido, o seu director nacional adjunto.
Santiago Magazine teve acesso a uma carta-despedida feita por Mascarenhas Varela e endereçada aos trabalhadores, na qual deixa perceber animosidades e relações conflituosas com a tutela, no caso a ministra da Justiça Joana Rosa.
“Prezados colaboradores da PJ. Na segunda-feira apresentei o meu pedido formal de demissão do cargo de DNPJ junto da senhora Ministra da. Penso que a partir de agora a PJ terá um novo DN capaz de gerir sozinho os destinos da PJ”, escreveu Ivanilda Mascarenhas Varela, acrescentando: “Deixo-vos esta reflexão: ‘Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores’.
“Preferi continuar a ter paz no meu coração e regressar para o lugar onde sempre fui respeitada e tratada com dignidade”, confessou ainda Varela, que deve então voltar à magistratura judicial, de onde saiu em Dezembro do ano passado para assumir a direcção da PJ no lugar de Ricardo Gonçalves, que tomou posse em Outubro como novo juiz do Tribunal da Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
À semelhança da directora nacional, Heidmilson Frederico também informou hoje aos colaboradores da PJ que apresentou na passada, igualmente na segunda-feira, o pedido de fim da sua comissão de serviço enquanto director nacional adjunto da Polícia Judiciária.
“Quando aceitei o desafio de ser director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária, fi-lo na altura com desejo de dar a minha contribuição para o fortalecimento da instituição. Contudo, volvidos esses meses e após profunda reflexão, conclui não estarem reunidas condições objectivas para continuar no cargo”, lê-se.
Frederico, disse, entretanto, que continuará em funções durante tempo necessário para preparação da sua substituição.
“Regressarei às minhas funções de Magistrado de Ministério Público e espero continuar a contar com todos vós no combate à criminalidade”, concluiu.
Heidmilson Frederico, natural da ilha do Maio, foi nomeado em Maio deste ano. Frederico é Procurador da República de 3.ª Classe, do Quadro da Magistratura do Ministério Público.
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