Os deputados dos 15 estados que compõem a CEDEAO aprovaram esta sexta-feira, 16, durante a reunião deslocalizada da comissão Mista da Educação, Ciência, Saúde, Comunicação e Tecnologias de Informação, algumas medidas que consideram acertadas para uma maior tolerância religiosa entre as nações-membro de modo a combater o terrorismo e alcançar a paz, tão almejada numa região em constante ameaça terrorista. O encontro da Praia terminou esta tarde.
Se durante a abertura do evento todos os discursos centraram-se no desenvolvimento da paz e combate ao terrorismo pela via do diálogo amigável entre as diversas religiões, já nas apresentações dos especialistas e dos deputados intervenientes nos debates ficou claro que a solução para este e outros problemas da região tem um denomindor-comum: Educação.
Foi o que propôs ontem o académico cabo-verdiano, Jairzinho Pereira, investigador VID Specialized University Stavanger, na Noruega, e que é doutor em estudos Igreja-Estado e ciência política, além de historiador. Numa vibrante e convincente alocução, o investigador, que falou em francês, inglês e português, afirmou que “a intolerância religiosa é um acto tirano” e que a “África precisa educar as suas crianças para respeitarem as crenças e identidades diferentes no continente”.
Sim, para Pereira, a educação é a chave. Mas não só para crianças, entende o académico que os próprios pais precisam ser ensinados, educados, a perceber as diferenças ideológicas, religiosas e étnicas como algo normal nas sociedades.
Jairzinho Pereira, incisivo no seu discurso, apontou o dedo da culpa aos políticos, para a seguir implorar os parlamentares oeste-africanos a seguir os passos dos países do Ocidente (Europa, por exemplo), que conseguir transpor essa barreira, erguendo a bandeira da tolerância e concórdia entre os povos.
A seu ver, este problema não se coloca a Cabo Verde, onde, segundo mostrou, 96% da sociedade apoiam a tolerância religiosa (dados da afrobarómetro). Pereira ressalva o “predomínio do cristianismo” e lembra episódios do colonialismo português, “com perseguição religiosa”, mas nota que esses casos não tiveram tanto impacto em Cabo Verde – exceptuando a perseguição aos Rabelados. “Salvo esse casos esporádicos”, a Independência Nacional, referiu, deu-se “sob o signo da laicidade do Estado”.
A jurista e advogada Andyra Lima, num discurso competente, enumerou os aspectos que fazem Cabo Verde ter de ser visto diferente no campo da tolerância religiosa – 77% da população é católica, 10% protestante, 2% muçulmana e 11% não se identifica com qualquer religião – para mais à frente também concordar com Pereira em como a Educação é a chave para o desenvolvimento, compreensão e diálogos de paz.
“Assim, quero que retenham três coisas: Um quadro legal favorável e pró-liberdades; A aposta forte na educação; criação de instituições estaduais que tenham como missão esta integração com missão sempre pautada na tolerância e respeito pelos direitos”, propôs Andyra Lima.
De resto, foram estas alocuções que serviram de base às recomendações emanadas da Reunião da Praia, que terminou esta sexta-feira, e cujas ideias-chave são: promover as estruturas estatais capazes de assegurar a aplicação das leis; integrar nos programas escolares dos Estados da CEDEAO, do básico ao universitário, ensinamentos sobre a tolerância religiosa; e criar um quadro jurídico e formador que favoreça as liberdades”.
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